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quinta-feira, 18 de setembro de 2025

Marinheiros

 Marinheiros

A linha dos marinheiros possui ampla atuação na Umbanda, possuindo um arquétipo inconfundível. Se apresentam como marujos, marinheiros, pescadores, canoeiros, também conhecidos como povo d'água. São regidos por Iemanjá, a senhora dos mares, da água salgada, da calunga grande. A grande mãe, geradora de toda vida. Das grandes travessias, as grandes rotas, o mercantilismo náutico. 
Já pensou  que seria o mundo sem as grandes navegações? Não me refiro apenas às grandes navegações responsáveis por vários processos de colonização e comércio mas, também, as navegações regionais entre colônias, entre aldeias, entre povos ribeirinhos, à navegação para caça e subsistência. Essa falange nos traz a força e a esperança das chegadas e partidas, dos encontros e desencontros. Quando um navegante parte, ele não sabe o que lhe aguarda, não sabe quando ou mesmo se irá regressar. Pode partir para trazer alimento, levando todo respeito de seu povo e voltar sem nada.
O Navegante não possui controle sobre o clima, sobre as marés e correntezas, deve se preocupar apenas com seu barco, e confiar na sua tripulação. Confiar que cada um é capaz de fazer aquilo que lhe foi atribuído, seja limpar o convés, preparar o alimento ou limpar as armas. Em um navio não existe uma função mais digna ou mais importante que a outra, assim como em um terreiro de Umbanda.
Se guiam pelas estrelas, pelas constelações e pela lua. Se movimentam de acordo com os ventos e as correntes. E se o vento não soprar, se não encontrarem um correnteza, se o mar ficar “calmo de mais", o tempo passar, a água e o alimento acabarem? O sol escaldante, a tentação em beber a água do mar e temos a combinação perfeita para o começo da “história de pescador". Alguém ouviu o canto da sereia, terra à vista, os monstros marinhos. Será que são reais? Nessas situações o que resta é a fé nos dias melhores.
A falange dos marinheiros nos ensina a não desistir e estarmos preparados para as “viradas de vento" e para entrar ou sair da corrente. Devemos sempre estar prontos para levantar ou virar a vela quando o vento chegar.

A falange dos marinheiros nos ensina a não desistir e estarmos preparados para as “viradas de vento" e para entrar ou sair da corrente. Devemos sempre estar prontos para levantar ou virar a vela quando o vento chegar.

Outro fator muito importante é o conhecimento que esses espíritos trazem, devido ao contado com tantos povos, tantos lugares, tantas culturas. Mas nem tudo são flores. Os portos, locais de embarque e desembarque de pessoas e mercadorias, local de circulação de muito dinheiro, também traz seus perigos. Geralmente possuem muitas pessoas em situações complicadas, desabrigadas, abandonadas, que acabam cometendo abusos ou sendo abusadas das mais diversas formas.
Mar calmo não faz bom marinheiro, já dizia o ditado. Aguente as tempestades da vida, esteja preparado para levantar a vela quando a hora chegar, aprenda a hora de chegar e partir, e confie nas estrelas, no alto, pra lhe guiar.

Pedro Maciel .’. de Xangô



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