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segunda-feira, 11 de março de 2024

Ciganos

 CIGANOS NA UMBANDA

    Os ciganos sempre foram um povo rico de histórias e lendas. A maioria eram andarilhos que viveram entre os séculos XIII ao XVI. Grandes conhecedores da magia e do poder das ervas, retiravam da natureza grande parte dos materiais para sua existência e tinham pouco apego às coisas materiais. Sofrem do estereótipo de serem eternos estrangeiros e andarilhos por onde passam ou se instalam, o que os torna mais vulneráveis socialmente. Assim como outros povos subalternizados, foram escravizados, em especial na Europa Oriental (por 400 anos, na Romênia).
    Dentro de seu arquétipo na Umbanda os Ciganos chegam sempre cheios de alegria, com suas danças, palmas, cores e músicas. Agem nos campos da saúde física e espiritual, prosperidade, amor e conhecimento, trabalhando principalmente com cristais, ervas, incensos e também com a interpretação de oráculos e vibrações pessoais (leitura de mãos, leitura de tarô, etc). A interpretação dos oráculos não é mera adivinhação mas sim um sistema de orientação sobre o corpo e o espírito de quem busca auxílio.
    Os ciganos trabalham muito com as cores. Cada cigano pode ter uma cor de vibração com a qual trabalhe mais. Essas cores são representadas nas velas, roupas e outros elementos utilizados pelos guias durante os trabalhos. Suas danças evocam as forças místicas da natureza. Com as palmas, instrumentos e cantos esses espíritos lembram o bailar do vento e do fogo.

    Em geral têm seus rituais específicos e cultuam muito a natureza, os astros e ancestrais. A santa protetora do povo cigano é Santa Sara Kali, por isso a linha dos ciganos é regida pela Orixá Oroiná. Na Umbanda, atuam visando o progresso espiritual e prosperidade na vida do ser. Cheios de simpatias espirituais, os espíritos ciganos trabalham para a cura de doenças espirituais.
    O povo cigano tem muita fé em Santa Sara Kali. Existem várias versões com as lendas de Santa Sara Kali. Entre os anos 44 e 45, por causa das perseguições cristãs, pela ira do Rei Herodes Agippa, alguns discípulos de Jesus Cristo foram colocados em embarcações, entregues à própria sorte. Em uma dessas embarcações estavam Maria Madalena, Maria Jacobé, Maria Salomé, José de Arimatéia e Trofino que, junto com Sara uma cigana escrava, foram atirados ao mar. Milagrosamente a barca, sem rumo, atravessou o oceano e aportou em Petit-Rhône, hoje Saint-Marie-de-La-Mer, na França. Segundo a lenda, as três Marias, em desespero em alto mar, sem esperanças de sobreviver, choravam e rezavam o tempo todo. Sara, ao ver o sofrimento das amigas, retirou o diklô (lenço) da cabeça e chamou por Kristesko (Jesus Cristo), fazendo um juramento ao Mestre, no qual Sara tinha fervorosa fé. A cigana prometeu que, se todos se salvassem, ela seria escrava do Senhor e jamais andaria com a cabeça descoberta, em sinal de respeito.
    O diklô é um simbolismo forte entre os ciganos. Significa a aliança da mulher casada em sinal de respeito e fidelidade. Santa Sara protege as mulheres que querem ser mães e sente dificuldades em engravidar. Protege, também, os partos difíceis. Basta ter fé na sua energia. 
    O dia do ano destinado aos ciganos é 24 de maio (dia de Santa Sara Kali), seu dia da semana é a sexta-feira, sua cor é principalmente a cor laranja. Suas oferendas são feitas com flores e frutas de cores variadas, incensos, pães e vinho. Sua saudação é Optchá. Os ciganos nos ensinam, com sua alegria e com seu brilho, que o amor e a liberdade são as melhores formas de trazer luz para nossa caminhada.

Layla de Omolu



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