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quinta-feira, 30 de janeiro de 2025

O Poder da Vela

 O Poder da Vela

As velas simbolizam a luz, o espírito e o calor da vida. O fogo da vela representa a grande fonte de energia que transforma e revigora todas as matérias existentes no universo. Quando acendemos uma vela, estamos ativando uma energia que nos liga ao plano espiritual, estimulando a nossa alma e enviando as nossas orações às divindades.

A maioria de nós já fez um primeiro ritual com velas, por volta dos três anos de idade. Lembra-se dos seus primeiros aniversários? Soprar as velas do bolo e fazer um pedido? Este costume da infância baseia-se em dois princípios mágicos muito importantes, a concentração e o uso de um símbolo para focalização.

Em termos simples quer dizer que se você quer que algo aconteça, precisa primeiro se concentrar (fazer o pedido) e então associar o seu desejo mágico ao ato simbólico de soprar as velas. A força de vontade faz o sonho realizar-se. Técnicas análogas são usadas na magia e no ritual das velas.


A chama da vela é a conexão direta com o mundo espiritual superior, sendo que a parafina atua como a parte física da vela ou símbolo da vontade, e o pavio a direção. Nos terreiros, há sempre alguma vela acesa, são ponto de convergência para que o umbandista fixe sua atenção e possa assim fazer sua rogação ou agradecimento ao espírito ou Orixá a quem dedicou. Ao iluminá-las, homenageia-se, reforçando uma energia que liga, de certa forma, o corpo ao espírito. A função de uma vela, que já foi definida como o mais simples dos rituais, e no seu sentido básico, o de simplesmente repetir uma mensagem ou um pedido.

Passo fundamental no ritual de acender velas:

O pensamento mal-direcionado, confuso ou disperso pode canalizar coisas não muito positivas ou simplesmente não funcionar. Diz um provérbio chinês: "cuidado com o que pede, pois poderá ser atendido". A pessoa se concentra no que deseja e a função da chama é o de repetir, por reflexo, no astral, a vontade e o pedido do interessado. Existem diversos fatores dentro da magia no tocante ao número de velas a serem acesas e outros detalhes.

O ato de acender uma vela deve ser um ato de fé, de mentalização e concentração para a finalidade que se quer. É o momento em que o médium faz uma "ponte mental", entre o seu consciente e o pedido ou agradecimentos à entidade ou Orixá, em que estiver afinizando.



Muitos médiuns acendem velas para seus guias, de forma automática e mecânica, sem nenhuma concentração. É preciso que se tenha consciência do que se está fazendo, da grandeza e importância (para o médium e Entidade), pois a energia emitida pela mente do médium, irá englobar a energia ígnea (do fogo) e juntas viajarão no espaço para atender a razão da queima desta vela.

Quem usar suas forças mentais com ajuda da "magia" das velas, no sentido de ajudar alguém, irá receber em troca uma energia positiva; mas, se inverter o fluxo de energia, ou seja, se o seu pensamento estiver negativado (pensamentos de ódio, vingança, etc.), e utilizar para prejudicar qualquer pessoa, o retorno será infalível, e as energias de retorno serão sempre maiores, pois voltarão com as energias de quem as recebeu.
A intenção de acendermos uma vela gera uma energia mental; e essa energia que a entidade irá captar em seu campo vibratório. Assim, mais uma vez podemos dizer que: nem sempre a quantidade está relacionada diretamente à qualidade, a diferença estará na fé e mentalização do médium.
Axé! 

Tauhane de Oxum



terça-feira, 28 de janeiro de 2025

Orixás na Umbanda Sagrada

 Orixás na Umbanda Sagrada

É sempre importante trazermos esses esclarecimentos sobre os Orixás na Umbanda Sagrada, pois esse é um dos principais elementos que diferem da maioria das religiões cristãs e justamente por isso existem muitas curiosidades e também muitas informações equivocadas sobre o assunto.

Primeiramente, o Orixá não é a mesma coisa que santo na igreja católica, são coisas completamente diferentes. A maior semelhança é a data de comemoração devido ao Sincretismo, que é a união ao catolicismo quando não era permitido o culto de religiões de matrizes africanas devido à escravidão.

Vale ressaltar que a maioria das religiões de matrizes africanas cultuam os Orixás, porém cada uma a seu modo. Por exemplo, o Candomblé cultua de uma forma, a Umbanda de outra forma. E o mesmo acontece dentro dos diferentes tipos de Umbanda, onde pode haver diferenças entre uma e outra. Em nossa casa, onde cultuamos a Umbanda de Jurema, os Orixás são a representação divina das forças da natureza e suas vibrações. E por que existe essa representação?

A espiritualidade nos ensina que a criação divina ocorre de forma tão magnífica e complexa que muitas vezes fica além da nossa compreensão e da nossa capacidade de nos conectar a ela. Por isso a representação da divindade nos Orixás, para nos auxiliar a compreender e nos conectar com as forças divinas de forma mais fácil. Nesse caso é importante conhecermos um pouco sobre cada Orixá e suas forças, pois isso nos direciona no que precisamos e como Deus vai agir em nossas vidas.

Na Umbanda Sagrada, os Orixás irradiam em sete faixas vibracionais divinas que estão representadas com dois orixás que equilibram cada uma, são elas:

Linha da fé: Oxalá e Logunan

Linha do amor: Oxum e Oxumarê

Linha do conhecimento: Oxossi e Obá 

Linha da Justiça: Xangô e Iansã

Linha da Lei: Ogum e Oroiná

Linha da Evolução: Obaluaê e Nanã 

Linha da Geração: Omolu e Iemanjá

Além dessas vibrações, como falamos, cada um desses Orixás traz uma força da natureza e um aprendizado específico através de suas histórias e lendas. Por exemplo, Iemanjá que é um dos mais conhecidos no Brasil se manifesta através da força dos mares ou das águas salgadas representando vida, coragem, novos ciclos, transformação. Assim como Oxum traz a força das cachoeiras, a persistência dos rios, amor próprio. Quando conhecemos um pouco sobre essas forças de cada orixá podemos direcionar melhor nossas orações e firmezas pedindo a cada um deles que nos ajude na força que possue.

Outro tema de bastante curiosidade na Umbanda e em outras religiões que cultuam os Orixás é sermos filhos desses Orixás. Nesse caso podemos entender que assim como todas as coisas o ser humano também faz parte da criação divina e logo, assim como as forças da natureza, cada pessoa foi criada sobre a vibração de um orixá. 

Dentro da nossa doutrina, acreditamos que cada pessoa possui três Orixás que irão nos reger e nos direcionar na nossa vida e na nossa evolução. Existem várias vias de informação que prometem revelar seu Orixá, porém somente a espiritualidade pode confirmar quais são, pois é algo espiritual e interior. E no mais vale ressaltar que temos a força de todos os Orixás dentro de nós, que se manifestam de acordo com as nossas necessidades. E que sempre podemos recorrer as suas forças para nos conectar com a nossa força maior que é Deus. 


Natália de Iemanjá

 

segunda-feira, 27 de janeiro de 2025

Instrumentos usados no culto da Jurema Sagrada | Fumo e Fumaça

 Instrumentos usados no culto da Jurema Sagrada | Fumo e Fumaça

Tendo a árvore da Jurema Preta como base central de seu culto, ela é colocada como fundamento religioso, onde, ao mesmo tempo que é elemento essencial de preparo da bebida sagrada, é também membro mitológico que compõe o mundo encantado dos reinos da Jurema. Antes da denominação, o culto já existia.

Os povos originários, praticando sua ancestralidade, o contato com o mundo espiritual, só era possível diante a ritualística desenvolvida pelos antigos, que com a junção de instrumentos, rezos, danças e ervas, que foram fundamentadas dentro do trabalho, repassaram aos mais novos.

“Indígenas catequizados com um missionário franciscano e dois soldados.” Fotografia da Década de 1860. Coleção Teresa Cristina. Acervo da Biblioteca Nacional.

Durante o período colonial, invasores portugueses tiveram contato com gente de diversas etnias, línguas e costumes, tomando nota desses, foi-se percebido que mesmo diante as particularidades de cada povo, estes pareciam ter o mesmo trato ritualístico e cultural para com uma planta de poder, que está presente até hoje nos costumes indígenas e caboclos, o tabaco.

A prática atrelada ao tabaco, ficou conhecida como “catimbó”, palavra que tem origem no Tupi Antigo (ka’atimbór) e que na língua portuguesa significa “fumaça de mato”. Essa expressão faz referência às antigas defumações com ervas e suas diversas finalidades, como trabalhos de cura e evocação de espíritos, que eram realizados pelos pajés. Hoje, a prática do catimbó, também é chamada de fumaçada.

Folhas de tabaco em processo de seca.

Na história dos Kariri (povo que, na época da catequização, resistiu e não se converteu, preservando a tradição) conta-se um mito de origem e que também nomeia a entidade que faz morada no tabaco, chamada de Badzé, o grande pai, deus do fumo e civilizador do mundo. Junto com Poditã, filho maior, que ensinou aos indígenas a reconhecer os frutos, caçar animais, dançar, cantar e a fazer os rituais de pajelanças, e Warakidzã, filho menor, reconhecido como senhor do sonho, formavam a Trindade sagrada desse povo.


Badzé, em alguns de seus ensinamentos, instruiu os Kariri a cura com o sopro, palavras, rezos e cantigas; fazer vinho e sua ritualística pra saudar Poditã, práticas essas, que nos remetem aos costumes que, hoje, reconhecemos como influência dos povos originários dentro do culto a Jurema Sagrada.



Festa do Mestre João do Laço – Terreiro de Jurema do Mestre João do Laço – Três Rios/RJ, com sua diversidade de referências religiosas no altar



Tendo impacto direto do catolicismo, também houve religiões africanas, que trabalham de forma parecida com o tabaco em suas ritualísticas, e é necessário pontuarmos que não há ligação entre Jurema, com Orixás, Ifá, Candomblé ou Nigéria. A influência africana é pautada pelas suas relações com os povos originários daqui, no contexto da escravidão, onde compartilhavam e absorviam saberes, adaptando o culto trazido de sua terra, pra realidade que viviam. “O negro foi aprendendo o culto do índio, e o índio foi aprendendo o culto do negro”, como comenta Anderson Magalhães, juremeiro de Alagoas, numa reportagem do portal BARAÔ!. Dessa forma, conseguimos identificar elementos do catolicismo popular, de raiz africana e também indígena, na construção do culto á Jurema Sagrada que conhecemos hoje.

Tendo o tabaco como principal ingrediente, o fumo do juremeiro é composto de diversas ervas, que são escolhidas levando em consideração as propriedades das mesmas e o porquê do uso da mistura; tudo com fundamento, desde o preparo dos materiais, durante, até o momento da utilização, onde a intenção clara, o direcionamento, a firmeza da mente e o cachimbo correto, se entrelaçam pro bom andamento dos trabalhos. E é nesse contexto, que conseguimos também entender a necessidade desses instrumentos (tanto o fumo, quanto o cachimbo) serem individuais de cada praticante e cada entidade, já que há uma imantação grande de energia entre quem faz o uso e os objetos, criando uma conexão entre eles.

Festa do Mestre João do Laço – Terreiro de Jurema do Mestre João do Laço – Três Rios/RJ, com sua diversidade de referências religiosas no altar


Do aroma das ervas e fumo queimado, resulta uma fumaça densa e poderosa, que abre portas, chama os espíritos ancestrais, protege seus devotos, cura, limpa, mostra conhecimento e, revela o que a normalidade dos olhos não consegue enxergar, a ciência da Jurema. Assim, ela levanta e derruba; manda recados, tira o véu da nossa vista, alcançando lugares inimagináveis, esquecidos do mundo e da mente, auxiliando no trabalho físico e principalmente espiritual, estreitando o elo com os mestres e entidades dos reinos. 

É na fumaça do cachimbo que o mestre trabalha, dá seu recado e ensina sua ciência. É nela que ele se comunica e auxilia no nosso desenvolvimento humano. Sem cachimbo, sem maracá, sem fumo e sem fumaça, não há Jurema. E pra encerrar, um rito de louvação ao cachimbo: 

Terreiro de Jurema do Mestre João do Laço – Três Rios/RJ

Só fuma cachimbo … Oi quem sabe fumar


Só manda demanda … Quem sabe mandar


Só fuma cachimbo … Oi quem sabe fumar


Só manda fumaça … Quem sabe mandar


Eu já mandei vê … Mandei buscar

Vai-te fumaça … Pra onde eu mandar


Eu mandei vê … Já bati com pé

Vai-te fumaça … Pra onde eu quiser


Meu cachimbo tá no toco … Já mandei nego buscar

Naquele bole bole … Meu cachimbo ficou lá.


Mestre Pau de Ferro encostado no juremeiro Vado, no II Encontro de Juremeiros e Juremeiras de Alhandra, em 2015.


Salve a força da Jurema Sagrada! Saravá os Mestres! Saravá os reis Malunguinho!


Laura de LogunEdé



















quinta-feira, 23 de janeiro de 2025

Fases da Lua

 Fases da Lua

No mundo espiritual, as fases da lua são frequentemente associadas a diferentes tipos de energia, influências e práticas. Essas associações podem variar amplamente entre diferentes culturas e tradições espirituais. São associadas também a muitos efeitos no corpo físico humano ao longo da história, com base tanto em tradições culturais quanto em algumas observações científicas. Embora muitos dos efeitos variem de pessoa para pessoa, há algumas áreas onde a influência da lua é frequentemente discutida. Na cultura indígena a lua é vista não apenas como um objeto celestial, mas como uma entidade espiritual e uma fonte de orientação prática e simbólica e esse espírito possui características específicas, como sabedoria, fertilidade e transformação.

As fases da lua são usadas para marcar o tempo e sincronizar atividades humanas com os ciclos naturais, plantio, colheita e pesca, além de nortear alguns rituais, sejam religiosos ou indígenas, vale ressaltar também que alguns médiuns podem sentir variações na sensibilidade e nas habilidades mediúnicas de acordo com as fases da lua.

A lua Nova é vista como um período de novos começos e renascimento. É um tempo de potencial, onde a energia é introspectiva e ideal para plantar sementes de intenções e novos projetos, pode ser considerado um período para introspecção e planejamento futuro. Já a lua Crescente está associada ao crescimento, expansão e manifestação das intenções estabelecidas durante a Lua Nova e é um momento propício para começar a trabalhar ativamente em novas metas e projetos, fase para plantar sementes (literal e metaforicamente) e nutrir novos esforços.

A Lua Cheia é vista como um tempo de poder máximo, plenitude e manifestação, é um período de culminação, intensidade emocional e máxima energia e pode ser considerada uma época poderosa para a manifestação e a liberação e é um período de energia intensa e plena. As capacidades mediúnicas nessa fase podem estar no auge, facilitando comunicações espirituais mais claras e fortes. Por fim, a Lua Minguante é um período de conclusão, reflexão e preparação para o próximo ciclo lunar, é um bom momento para finalizar projetos, amarrar pontas soltas e preparar-se para o próximo ciclo, focar em descanso, autocuidado e recuperação.

As fases da lua são usadas em muitas tradições espirituais para guiar práticas, rituais e meditações, cada fase traz uma qualidade energética única que pode ser aproveitada para diferentes propósitos espirituais. Seja através de rituais de manifestação durante a Lua Cheia, de definição de intenções na Lua Nova, ou de finalizações na Lua Minguante, as fases lunares oferecem uma estrutura natural para trabalhar com as energias do universo e promover crescimento pessoal e espiritual.

As fases lunares influenciam desde as marés até o nosso corpo físico e emocional. Os povos mais antigos já observavam os efeitos das fases da lua nas marés, agricultura e até no humor das pessoas. Por isso a importância de conhecer as fases da lua para tirar o melhor proveito dessa energia em nossas vidas.

Estudos sugerem que a luz da lua pode ter algum impacto nos ciclos hormonais, embora a evidência científica seja mista. Acredita-se que as mudanças na luz lunar possam influenciar a produção de hormônios como a melatonina, que pode afetar o ciclo menstrual e algumas mulheres relatam que seus ciclos menstruais tendem a sincronizar com as fases da lua, especialmente a Lua Nova ou a Lua Cheia.

Pesquisas indicam também que a Lua Cheia pode afetar negativamente a qualidade do sono fazendo com que algumas pessoas tenham sono mais leves e menos reparadores, possivelmente devido à maior luminosidade ou a influências gravitacionais. Algumas pessoas relatam insônia ou sonhos mais vívidos nessa fase e frequentemente relatam sentir-se mais ansiosas, agitadas ou emocionalmente carregadas. Assim como a lua influencia as marés, acredita-se que ela possa afetar os fluidos corporais, embora a influência gravitacional da lua sobre os fluidos humanos seja mínima comparada às marés oceânicas, sugere-se que pode haver um impacto sutil nos líquidos corporais.

Iemanjá é frequentemente associada às fases lunares pois é considerada a rainha das águas salgadas, marés, oceanos e mares. A Lua Cheia tem uma influência direta nas marés, que são mais pronunciadas devido à maior atração gravitacional exercida sobre as águas, isso simboliza a força, a plenitude e a proteção maternal da Orixá. Durante a Lua Cheia, práticas espirituais, oferendas e rituais dedicados a Iemanjá são intensificados, aproveitando a energia poderosa e expansiva desse período. Essa conexão enriquece a prática religiosa e espiritual, promovendo um profundo respeito e reverência pela Rainha do Mar e suas bênçãos.

A lua é venerada como uma guia e uma força vital que ajuda a harmonizar as vidas humanas com os ritmos da natureza pelos indígenas e ao respeitar e observar as fases da lua eles mantém uma conexão profunda com o universo e suas energias transformadoras, embora muitas das associações entre as fases da lua e os efeitos no corpo físico sejam baseadas em tradições culturais e observações pessoais, há algumas evidências científicas que sugerem correlações em áreas como sono, humor e comportamento. No entanto, a maioria dessas influências são sutis e ainda precisam de mais pesquisas para serem completamente compreendidas. As fases da lua continuam a fascinar e influenciar, oferecendo um campo rico para a exploração tanto científica quanto espiritual.

Renata de Iansã 


terça-feira, 21 de janeiro de 2025

A Ayahuasca no desenvolvimento mediúnico

 A Ayahuasca no desenvolvimento mediúnico

A Ayahuasca é uma bebida tradicionalmente usada em rituais religiosos e espirituais na região amazônica, e ganhou atenção devido aos seus benefícios terapêuticos e espirituais. É utilizada há séculos por diferentes grupos étnicos, como os Yawanawá, Yanomamis, entre outros. A Chacrona e o Jagube, são os principais ingredientes da Ayahuasca. A Chacrona contribui com a dimetiltriptamina (DMT), uma substância psicoativa, enquanto o Jagube contém inibidores da monoamina oxidase (IMAOs), isso faz com que o DMT seja absorvido pelo corpo e exerça seus efeitos.

Os rituais são vistos não apenas como uma forma de tratamento espiritual e de cura, mas também como uma oportunidade de fortalecer laços comunitários, transmitir conhecimentos ancestrais e conectar-se profundamente com o meio ambiente e os seres espirituais. De acordo com o caboclo Sete Flechas cada tribo tinha seu ritual e frequência de utilização e esses rituais eram conduzidos pelos pajés. Ao ser questionado se existe uma frequência ideal para a nossa utilização ele afirma que cada um deve ficar atento aos chamados e necessidades, pois assim conseguiremos o desenvolvimento e respostas que necessitamos.

A história e origens da Ayahuasca revelam uma conexão intrínseca com as culturas indígenas, onde ela é reverenciada como um meio de comunicação com o divino. A compreensão detalhada de seus ingredientes, rituais, e a preparação pessoal destacam a seriedade e o respeito que envolvem o uso dessas plantas. As experiências são únicas e muito individuais, pessoas relatam experiências espirituais profundas, insights introspectivos e uma sensação de conexão espiritual durante e após o uso.

Já existem algumas linhas de pesquisa que relacionam a Ayahuasca com tratamento de Transtornos Psicológicos como depressão, ansiedade e transtorno de estresse pós-traumático (TEPT). Há evidências sugerindo também redução da dependência química, estudos ainda indicam que os compostos ativos da Ayahuasca podem afetar positivamente áreas do cérebro associadas ao humor e à cognição, além do autoconhecimento e desenvolvimento pessoal pois é frequentemente utilizada como uma ferramenta para explorar o autoconhecimento, enfrentar traumas do passado e promover o crescimento pessoal.

Quando nos referimos ao desenvolvimento mediúnico, o objetivo desta caminhada deve estar relacionado ao desenvolvimento pessoal, em seus âmbitos emocionais, mentais, espirituais e materiais. Esse desenvolvimento na Umbanda geralmente envolve práticas específicas, como meditação, estudo espiritual, trabalho com guias espirituais e mentores, e participação em grupos ou círculos dedicados ao desenvolvimento espiritual. É importante ressaltar que o desenvolvimento mediúnico deve ser realizado com seriedade, ética e responsabilidade, buscando sempre o bem-estar e o crescimento espiritual do praticante e daqueles ao seu redor.

Esse processo pode promover uma consciência mais ampla e profunda sobre a natureza espiritual da realidade, permitindo ao praticante perceber e interagir com energias e entidades sutis que normalmente não são perceptíveis aos sentidos físicos da grande maioria e à medida que uma pessoa desenvolve suas habilidades mediúnicas, ela pode explorar aspectos mais profundos de si mesma, confrontando medos, traumas e bloqueios emocionais que podem estar impedindo o seu crescimento espiritual e pessoal.

Mediunidade é a forma de se conectar com o divino, seja através da comunicação com guias espirituais, mentores ou entidades de luz, facilitando um senso de propósito espiritual e orientação, além de ser uma forma de servir aos outros, oferecendo cura espiritual, orientação e consolo para aqueles que estão em busca de ajuda e compreensão. O desenvolvimento mediúnico também está associado ao cultivo de valores éticos, como respeito, humildade e responsabilidade no uso das habilidades mediúnicas. Isso inclui discernimento cuidadoso sobre o que é transmitido e a quem, sempre com o objetivo de promover o bem-estar e o crescimento espiritual das pessoas envolvidas.

Quando o desenvolvimento avança, há uma tendência natural para integrar experiências espirituais profundas à vida cotidiana, buscando viver de acordo com princípios espirituais mais elevados e alinhados com o propósito pessoal. Em resumo, não é apenas sobre adquirir habilidades psíquicas, mas também sobre explorar a própria espiritualidade, expandir a compreensão do universo espiritual e encontrar um maior sentido de conexão e propósito na vida.

A Ayahuasca é frequentemente utilizada como uma ferramenta para facilitar o desenvolvimento mediúnico pois possibilita a expansão da consciência e é conhecida por induzir estados alterados de consciência que podem facilitar a percepção de energias sutis e a comunicação com entidades espirituais. Isso pode ajudar os praticantes a desenvolverem e aprofundarem suas habilidades mediúnicas, pode aumentar a sensibilidade espiritual e promover uma maior clareza mental. Permitindo aos médiuns perceberem e interpretarem com mais precisão as mensagens espirituais que recebem, antes de participar de sessões mediúnicas.

O consumo da Ayahuasca pode ajudar na purificação física, emocional e espiritual dos participantes, preparando-os para um contato mais direto e profundo com o mundo espiritual, após as sessões com Ayahuasca. Os médiuns frequentemente relatam uma maior capacidade de integrar e compreender as experiências espirituais vivenciadas, o que é essencial para o desenvolvimento contínuo das habilidades mediúnicas, além de facilitar um processo de autoconhecimento profundo e transformação pessoal, ajudando os praticantes a superarem bloqueios emocionais e mentais que podem estar limitando seu desenvolvimento mediúnico.

Em conversa com o caboclo Sete Flechas ele ressaltou que nas consagrações existe uma conexão natural com a floresta e que como nossa casa é de Oxóssi e de caboclo. Sentimos essa ligação muito forte, tendo visões das matas, de cobras (que geralmente vem representado a cura), dentre outros animais e que a força da mata é muito presente, o que nos faz ter uma conexão ainda maior com a casa. Ao ser questionado sobre as visões, sobre como identificar o que é real ou não, ele frisa que muitas vezes relacionamos as imagens que vemos com pessoas do nosso convívio e levamos isso como uma verdade, pois o espiritual e o material muitas vezes são muito semelhantes.

O primeiro passo é analisar o que está sendo mostrado e o que aquilo significa para você, se atentar menos as pessoas que você vê e mais ao que a história quer dizer, pois muitas vezes relacionamos as imagens de conhecidos, amigos ou figuras de referência pois não estamos prontos para ver o que de fato precisa ser mostrado. E que uma dica é pedir antes das sessões que sejam mostradas as faces verdadeiras, direcionar intenções a isso.

A consagração da Ayahuasca não é considerada um fator obrigatório para nenhum desenvolvimento mediúnico, mas pode ser um facilitador para que muitas pessoas consigam alcançar de uma forma mais simples e rápida, desde que estejam dispostas a buscar se desenvolver e se curar.

E para finalizar, o caboclo Sete Flechas destaca que a relação entre a consagração e o desenvolvimento mediúnico é que o desenvolvimento pessoal é a base do desenvolvimento mediúnico e a Ayahuasca é a busca pelo desenvolvimento pessoal.

Renata de Iansã



segunda-feira, 20 de janeiro de 2025

Intuição ou Paranoia?

 Intuição ou Paranoia?

A diferença pode ser sutil, mas é crucial compreender essas distinções para tomar decisões mais informadas e equilibradas, pois com certeza a maioria das pessoas em algum momento da vida se questionaram isso.

A intuição é um processo mental que permite chegar a conclusões ou tomar decisões sem o uso consciente de raciocínio analítico ou lógico. É frequentemente descrita como um "pressentimento" ou "sensação" que surge espontaneamente, fornecendo insights ou respostas que podem não estar imediatamente evidentes através da análise racional. A intuição pode ser vista como uma forma de conhecimento ou compreensão que se baseia em percepções rápidas e subconscientes.

A Intuição geralmente traz uma sensação calma e clara, sem emoções intensas ou ansiedade. É uma "certeza tranquila" que vem de um lugar profundo dentro de você e as mensagens intuitivas são geralmente consistentes e coerentes. Elas fazem sentido no contexto da situação e não mudam de forma errática, além de que são frequentemente focadas no momento presente ou em uma necessidade imediata. Ela é prática e relacionada a uma situação específica.

Muitas vezes, a intuição é uma forma de processamento inconsciente de informações e experiências passadas. É um conhecimento tácito que emerge sem um raciocínio consciente explícito, outro ponto importante é que a intuição não deve ser confundida com sentimentos de ansiedade ou medo intenso. Ela tende a ser neutra ou até positiva em sua entrega.

Na Umbanda a intuição é importante para a comunicação com os Orixás e guias espirituais. Os médiuns e praticantes desenvolvem a intuição para interpretar mensagens espirituais e orientar suas práticas religiosas.

A intuição pode ser vista como um canal pelo qual os praticantes podem se comunicar com Orixás e entidades espirituais. Essa comunicação pode ocorrer por meio de sonhos, visões, sensações ou insights súbitos que são interpretados como mensagens divinas e é frequentemente utilizada para orientar decisões e ações no caminho espiritual. Ela pode ajudar os praticantes a discernir a vontade divina, a escolher o caminho certo em momentos de dúvida e a encontrar respostas para questões pessoais e espirituais.

A intuição é também vista como uma ferramenta essencial para o discernimento espiritual, ajudando os praticantes a distinguir entre o bem e o mal, entre o verdadeiro e o falso, e a reconhecer as influências espirituais em suas vidas. O desenvolvimento da intuição é muitas vezes considerado parte do crescimento espiritual e do desenvolvimento pessoal. Práticas como meditação, oração e outras disciplinas espirituais são vistas como formas de cultivar a intuição.

Já a paranoia é uma condição psicológica caracterizada por desconfiança extrema e irracional em relação aos outros. É frequentemente acompanhada de ansiedade, medo e pensamentos intrusivos. Esses sentimentos podem ser avassaladores e perturbadores, os pensamentos paranoicos podem ser erráticos, incoerentes e mudarem com frequência. Eles podem ser exagerados e desproporcionais à realidade da situação e a paranoia tende a ser centrada em preocupações futuras e o "e se". E muitas vezes é especulativa e não baseada em fatos concretos.

Os pensamentos paranoicos geralmente não têm uma base sólida na realidade ou são exagerações extremas de pequenos fatos. Eles podem gerar um alto nível de ansiedade e pode levar a comportamentos defensivos ou que evitamos.

Para ajudar na distinção entre intuição e paranoia é interessante que seja desenvolvido um bom nível de autoconhecimento através da meditação e reflexão. Verifique se há evidências concretas para seus sentimentos. A intuição pode ser corroborada por sinais e padrões, enquanto a paranoia geralmente não tem uma base sólida. Conversar com amigos, familiares e guias nos terreiros pode ajudar a colocar seus sentimentos em perspectiva. Eles podem oferecer uma visão objetiva que você pode estar perdendo.

Técnicas como a respiração profunda, passar tempo na natureza, podem ajudar a reduzir a ansiedade e clarificar seus pensamentos. Dê um tempo. Às vezes, tomar um tempo para refletir pode ajudar a esclarecer se uma sensação é uma intuição legítima ou um pensamento paranoico.

Em resumo, enquanto a intuição é uma ferramenta valiosa que pode guiar decisões e ações de forma tranquila e confiante, a paranoia é caracterizada por medo e ansiedade, frequentemente desconectados da realidade. Desenvolver práticas de autoconhecimento e reflexão pode ajudar a discernir entre essas duas experiências.

Renata de Iansã 


quinta-feira, 16 de janeiro de 2025

A Força da Gratidão

 A Força da Gratidão

Gratidão, do latim, gratus ou gratia. Sinônimo de graça, benção, dádiva. Ou seja, a gratidão é o reconhecimento das coisas boas que existem e acontecem em nossas vidas. Esse reconhecimento passa por dois pontos de vista distintos. O primeiro consiste em perceber a gratidão através do olhar do outro, quando ele nos agradece as coisas positivas que já fizemos. O segundo consiste em apreciar a bondade que recebemos, não a que oferecemos. E neste processo, ser grato faz com que nos conectamos a algo maior: o poder divino.

O sentimento de gratidão tem a capacidade de reconfigurar o nosso cérebro de forma a nos fazer buscar outras experiências. Passamos a fazer cada vez mais o que nos desperta a gratidão, pois o sentimento é ligado ao sistema de recompensas do cérebro: um ciclo virtuoso. Embora possa parecer um sentimento simples, seus efeitos são profundamente estudados pela psicologia e neurociência. A área da psicologia positiva, por exemplo, descobriu que a expressão de gratidão gerou maiores taxas de felicidade e menos dores físicas aos indivíduos. Foi identificado também que a gratidão afeta o córtex pré-frontal, área do cérebro relacionada à tomada de decisões. E ainda que, pessoas que praticam o exercício de agradecer cotidianamente lidam melhor com situações de estresse contínuo e evitam doenças crônicas. Ou seja, ser grato potencializa a alegria, torna o sistema imune mais forte e previne doenças físicas e mentais (principalmente as psicossomáticas, que consistem no sofrimento emocional que gera um problema físico).

Lembra que agradecer nos conecta ao poder divino? Isso acontece porque o agradecimento é a forma mais elevada de pensamento, fortalecendo o nosso espírito. É a maneira mais genuína de ser feliz.

“A mente grata é aquela que atrai para si as melhores coisas.”
(Platão)

E, portanto, gratidão também é prosperidade.

À espiritualidade, agradeço pela oportunidade de viver. Pela força nos meus pés que me permitem caminhar. Pelo ar nos meus pulmões. Pela capacidade de sentir e amar. Pela oportunidade de, a cada dia, poder escolher quais batalhas lutar. Agradeço à luz de Oxalá que está sempre a me iluminar, com o sol de cada manhã. Ao Caboclo Sete Flechas, agradeço a chance de fazer parte dessa família e entender que as raízes do meu coração nascem na Umbanda.

Terra sagrada, joelho no chão, cabeça na terra, luz de proteção.

E você, já se sentiu grato hoje?


Camila de Iemanjá 


terça-feira, 14 de janeiro de 2025

Pontos Riscados na Umbanda

 Pontos Riscados na Umbanda

Os pontos riscados são a representação de um portal do plano espiritual no plano material, para que possamos visualizar neste plano determinados trabalhos, elementos e identificar os guias espirituais nos trabalhos de Umbanda. Os símbolos desenhados ou um grupo desses símbolos formam uma mensagem que será interpretada pelo guia espiritual em que riscou, por exemplo, quando são pontos para identificação daquela entidade. Para o desenho dos símbolos nesses pontos riscados, em nosso Terreiro, é utilizado um material chamado “Pemba”  sendo um giz de forma arredondada, que também pode ser utilizado em outros rituais  e existem várias cores desse material. 

Sobre os pontos riscados, é necessário entendermos que nem sempre os mesmos quando os guias riscam pela primeira vez, vai estar completo. Sendo assim é importante entender a medida do desenvolvimento daquele médium, a entidade que trabalha com ele, vai  completando seu ponto riscado. 

Hoje neste texto vamos falar um pouco mais sobre os pontos riscados de identificação e trabalho que os guias possuem. Com isso, é importante entendermos que o ponto riscado ele é único de cada entidade, mesmo que elas possuam nomes iguais, costuma-se dizer que é como uma assinatura no plano material daquele guia, onde pode ser mostrado a forma de trabalho e símbolos de orixás que regem essa entidade. Reforço também que em cada doutrina tem sua forma de trazer esse ritual dentro das casas de Umbanda, sendo a nossa casa vindo da orientação do guia chefe do Terreiro. 

É importante entendermos que a combinação dos símbolos possui formas diferentes de transmissão das mensagens dentro de um ponto riscado. Muitos pontos são parecidos, porém, trazem interpretações diferentes. Sendo assim, o ponto riscado pode mostrar o firmamento de uma entidade dentro daquele Terreiro ou a forma de trabalho em que aquele dia seja necessário. O direcionamento  do ponto riscado é dado por quem o risca, pois, como disse acima, pode haver muitas interpretações dos símbolos, sendo assim, a entidade que o risca vai direcionar e falar sobre o seu ponto riscado. 

Quando vemos os desenhos e símbolos que são riscados, observamos que alguns podem representar mais de um Orixá e também é importante verificar o tamanho do desenho nesse ponto, pois, tamanhos diferentes podem mostrar a influência e grau de importância no símbolo da entidade, além que o direcionamento dos símbolos também pode influenciar a energia firmada naquele ponto. 

Por fim, outra identificação do ponto riscado dos guias, comumente se apresenta dentro de um círculo, no centro, canalizando aquela energia que o guia se manifesta, porém, é importante frisar que podemos encontrar pontos abertos, ou com outras formas, isso vai depender das funções dos mesmos. Em resumo, os pontos riscados são um aspecto fundamental na prática da Umbanda, servindo como ferramentas de comunicação e manifestação dos guias espirituais. Cada detalhe neles contido possui um significado profundo e único.


Marina de Nanã Buruquê