A Ayahuasca é uma bebida tradicionalmente usada em rituais religiosos e espirituais na região amazônica, e ganhou atenção devido aos seus benefícios terapêuticos e espirituais. É utilizada há séculos por diferentes grupos étnicos, como os Yawanawá, Yanomamis, entre outros. A Chacrona e o Jagube, são os principais ingredientes da Ayahuasca. A Chacrona contribui com a dimetiltriptamina (DMT), uma substância psicoativa, enquanto o Jagube contém inibidores da monoamina oxidase (IMAOs), isso faz com que o DMT seja absorvido pelo corpo e exerça seus efeitos.
Os rituais são vistos não apenas como uma forma de tratamento espiritual e de cura, mas também como uma oportunidade de fortalecer laços comunitários, transmitir conhecimentos ancestrais e conectar-se profundamente com o meio ambiente e os seres espirituais. De acordo com o caboclo Sete Flechas cada tribo tinha seu ritual e frequência de utilização e esses rituais eram conduzidos pelos pajés. Ao ser questionado se existe uma frequência ideal para a nossa utilização ele afirma que cada um deve ficar atento aos chamados e necessidades, pois assim conseguiremos o desenvolvimento e respostas que necessitamos.
A história e origens da Ayahuasca revelam uma conexão intrínseca com as culturas indígenas, onde ela é reverenciada como um meio de comunicação com o divino. A compreensão detalhada de seus ingredientes, rituais, e a preparação pessoal destacam a seriedade e o respeito que envolvem o uso dessas plantas. As experiências são únicas e muito individuais, pessoas relatam experiências espirituais profundas, insights introspectivos e uma sensação de conexão espiritual durante e após o uso.
Já existem algumas linhas de pesquisa que relacionam a Ayahuasca com tratamento de Transtornos Psicológicos como depressão, ansiedade e transtorno de estresse pós-traumático (TEPT). Há evidências sugerindo também redução da dependência química, estudos ainda indicam que os compostos ativos da Ayahuasca podem afetar positivamente áreas do cérebro associadas ao humor e à cognição, além do autoconhecimento e desenvolvimento pessoal pois é frequentemente utilizada como uma ferramenta para explorar o autoconhecimento, enfrentar traumas do passado e promover o crescimento pessoal.
Quando nos referimos ao desenvolvimento mediúnico, o objetivo desta caminhada deve estar relacionado ao desenvolvimento pessoal, em seus âmbitos emocionais, mentais, espirituais e materiais. Esse desenvolvimento na Umbanda geralmente envolve práticas específicas, como meditação, estudo espiritual, trabalho com guias espirituais e mentores, e participação em grupos ou círculos dedicados ao desenvolvimento espiritual. É importante ressaltar que o desenvolvimento mediúnico deve ser realizado com seriedade, ética e responsabilidade, buscando sempre o bem-estar e o crescimento espiritual do praticante e daqueles ao seu redor.
Esse processo pode promover uma consciência mais ampla e profunda sobre a natureza espiritual da realidade, permitindo ao praticante perceber e interagir com energias e entidades sutis que normalmente não são perceptíveis aos sentidos físicos da grande maioria e à medida que uma pessoa desenvolve suas habilidades mediúnicas, ela pode explorar aspectos mais profundos de si mesma, confrontando medos, traumas e bloqueios emocionais que podem estar impedindo o seu crescimento espiritual e pessoal.
Mediunidade é a forma de se conectar com o divino, seja através da comunicação com guias espirituais, mentores ou entidades de luz, facilitando um senso de propósito espiritual e orientação, além de ser uma forma de servir aos outros, oferecendo cura espiritual, orientação e consolo para aqueles que estão em busca de ajuda e compreensão. O desenvolvimento mediúnico também está associado ao cultivo de valores éticos, como respeito, humildade e responsabilidade no uso das habilidades mediúnicas. Isso inclui discernimento cuidadoso sobre o que é transmitido e a quem, sempre com o objetivo de promover o bem-estar e o crescimento espiritual das pessoas envolvidas.
Quando o desenvolvimento avança, há uma tendência natural para integrar experiências espirituais profundas à vida cotidiana, buscando viver de acordo com princípios espirituais mais elevados e alinhados com o propósito pessoal. Em resumo, não é apenas sobre adquirir habilidades psíquicas, mas também sobre explorar a própria espiritualidade, expandir a compreensão do universo espiritual e encontrar um maior sentido de conexão e propósito na vida.
A Ayahuasca é frequentemente utilizada como uma ferramenta para facilitar o desenvolvimento mediúnico pois possibilita a expansão da consciência e é conhecida por induzir estados alterados de consciência que podem facilitar a percepção de energias sutis e a comunicação com entidades espirituais. Isso pode ajudar os praticantes a desenvolverem e aprofundarem suas habilidades mediúnicas, pode aumentar a sensibilidade espiritual e promover uma maior clareza mental. Permitindo aos médiuns perceberem e interpretarem com mais precisão as mensagens espirituais que recebem, antes de participar de sessões mediúnicas.
O consumo da Ayahuasca pode ajudar na purificação física, emocional e espiritual dos participantes, preparando-os para um contato mais direto e profundo com o mundo espiritual, após as sessões com Ayahuasca. Os médiuns frequentemente relatam uma maior capacidade de integrar e compreender as experiências espirituais vivenciadas, o que é essencial para o desenvolvimento contínuo das habilidades mediúnicas, além de facilitar um processo de autoconhecimento profundo e transformação pessoal, ajudando os praticantes a superarem bloqueios emocionais e mentais que podem estar limitando seu desenvolvimento mediúnico.
Em conversa com o caboclo Sete Flechas ele ressaltou que nas consagrações existe uma conexão natural com a floresta e que como nossa casa é de Oxóssi e de caboclo. Sentimos essa ligação muito forte, tendo visões das matas, de cobras (que geralmente vem representado a cura), dentre outros animais e que a força da mata é muito presente, o que nos faz ter uma conexão ainda maior com a casa. Ao ser questionado sobre as visões, sobre como identificar o que é real ou não, ele frisa que muitas vezes relacionamos as imagens que vemos com pessoas do nosso convívio e levamos isso como uma verdade, pois o espiritual e o material muitas vezes são muito semelhantes.
O primeiro passo é analisar o que está sendo mostrado e o que aquilo significa para você, se atentar menos as pessoas que você vê e mais ao que a história quer dizer, pois muitas vezes relacionamos as imagens de conhecidos, amigos ou figuras de referência pois não estamos prontos para ver o que de fato precisa ser mostrado. E que uma dica é pedir antes das sessões que sejam mostradas as faces verdadeiras, direcionar intenções a isso.
A consagração da Ayahuasca não é considerada um fator obrigatório para nenhum desenvolvimento mediúnico, mas pode ser um facilitador para que muitas pessoas consigam alcançar de uma forma mais simples e rápida, desde que estejam dispostas a buscar se desenvolver e se curar.
E para finalizar, o caboclo Sete Flechas destaca que a relação entre a consagração e o desenvolvimento mediúnico é que o desenvolvimento pessoal é a base do desenvolvimento mediúnico e a Ayahuasca é a busca pelo desenvolvimento pessoal.
Renata de Iansã