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quinta-feira, 16 de maio de 2024

Silêncio e Presença

 Silêncio e Presença


Você provavelmente já foi aconselhado a meditar ou praticar alguma técnica de respiração mais consciente. Bom, eu já fui, diversas vezes, mas eu banalizei essas práticas porque não as compreendia. Justamente por isso, hoje decidi compartilhar com vocês o que o Ayurveda diz sobre o assunto e espero que faça tanto sentido para vocês, quanto fez pra mim. 
A crença mais comum é que meditar é controlar a mente, mas não é isso. É da natureza da mente oscilar e nos levar para longe, nos levar para diferentes lugares que não sejam o presente. De acordo com o Ayurveda, sistema milenar que estuda a vida humana, a parte mais importante de meditar é praticar o silêncio, a auto-observação e distinguir o que você é do que é seu. Não é sobre silenciar a mente, mas sim sobre “recolhê-la”, trazer de volta para si todas as vezes que insistir em oscilar.
Silêncio é presença. Presença é nossa habilidade de entender o que está acontecendo agora, quem somos de verdade, embaixo de todas as camadas de distração que nossa mente cria. A mente tem a tendência de habitar três espaços: o passado, o presente e o futuro. O passado muitas vezes é revisitado pela mente pois é uma ideia que criamos a partir da nossa visão da realidade naquele momento, nossas lembranças são muito enviesadas e pouco confiáveis, quanto mais repetimos aquilo em nossa cabeça, mas conseguimos moldar essa lembrança. O futuro é algo que inventamos, embora possamos passar horas pensando nele, ele não existe. O presente é o que está acontecendo agora, a realidade. Destes três espaços, o único que realmente existe, mas que é o menos habitado, é o presente.
É da natureza da mente nos levar para longe e a maioria das pessoas vive mais fortemente entre o passado e o futuro. Estamos constantemente lembrando de alguma coisa ou desejando outra e essa falta de capacidade de compreender a realidade do jeito que ela é, essa desconexão, é a causa de muitas doenças mentais, como depressão e ansiedade, distúrbios muito comuns atualmente. 
Muitas vezes oscilamos entre passado, presente e futuro porque não conseguimos distinguir o que é permanente do que é impermanente ao longo da vida e essa confusão muitas vezes nos gera sofrimento. A meditação nos ajuda a observar a realidade e entender essa transitoriedade, é uma investigação do que somos de verdade, por baixo de todas as camadas de ego, apego e posse.
Por exemplo, as pessoas são impermanentes em nossas vidas. Podemos pensar que nossos relacionamentos são eternos, mas eles não são. A natureza dos relacionamentos é impermanente. Nosso corpo é impermanente, podemos nos entristecer por estar envelhecendo, mas é da natureza do corpo humano envelhecer. 
Se todos os dias você fizer esse exercício de avaliar o que é permanente e o que não é, você perceberá que o caminho do entendimento da realidade passa por desapego. Quando tiramos todas as camadas de posse e apego, conseguimos ver a realidade exatamente como ela é, como nós somos. O caminho para a libertação passa pelo desapego.
Todas as doenças começam da percepção que a pessoa tem da realidade, logo, a parte mais importante de trabalhar o silêncio é encontrar seu lugar de observação plena da realidade, de identificar a sua essência. Praticar a presença, tem o poder “recolher” nossa mente para o agora e, consequentemente, nos manter mais conscientes e saudáveis. 

Larissa de Iansã


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