As Incertezas da Espiritualidade
Um grande perigo que permeia os estudos sobre espiritualidade, é tomar como verdade única e irrefutável tudo aquilo que ouvimos. Quando se trata de espiritualidade, devemos ter em mente que nada é uma certeza, tudo depende. Isso não significa que os ensinamentos que nos são passados sejam irreais ou errados, significa apenas que pode mudar a depender do contexto.
Sei que isso gera uma certa confusão, afinal, seria mais fácil aprendermos sobre determinado assunto e sabermos que sempre acontece daquela forma, mas não é assim que funciona. Devemos ter isso em mente até mesmo quando formos ler livros espiritualistas que contam um pouco sobre o plano espiritual. Não é porque um espírito definiu de uma forma, que seja igual para todos.
Podemos pegar como exemplo o início e o fim da vida encarnados. Há espíritos que no início da vida encarnam no momento da concepção e outros que só encarnam próximo ao momento do nascimento. Da mesma forma, há espíritos que deixam o corpo físico milésimos de segundos antes de uma morte súbita pois não precisam sentir a dor que sentiriam se ali estivessem e aqueles que, em caso de doenças neurodegenerativas, vão se desligando do corpo aos poucos durante anos, até que no momento da morte já estejam praticamente prontos para seguir.
Após o desencarne, há espíritos que permanecem no umbral durante anos, revivendo seus arrependimentos até conseguirem se perdoar pelos erros cometidos, outros que vagam por aí, tão apegados ao plano físico que nem percebem que já desencarnaram. Tudo depende.
Outro exemplo é o processo de desenvolvimento mediúnico. Para alguns médiuns o processo pode parecer mais rápido e fácil que para outros e isso não significa que existam melhores ou piores pois a “velocidade” desse processo dependerá da necessidade de cada um. Alguns médiuns entram para a corrente mediúnica e dentro de algumas semanas já estão incorporando várias linhas de trabalho, outros que demoram anos até que começarão a trabalhar incorporados e existem aqueles que não irão incorporar pois não há necessidade disso em seu desenvolvimento espiritual.
Não é porque em uma casa de Umbanda acredita-se que os guias espirituais que constituem a coroa mediúnica de um médium o acompanham após sua saída da casa, que aconteça sempre assim. Em nossa casa mesmo, nos foi passado que os espíritos são trabalhadores da casa, que irão se manifestar caso seja necessário, independente de tal médium estar ou não ali.
Vemos isso também nas incorporações, nos arquétipos dos guias, instrumentos de trabalho. Não é porque normalmente os pretos velhos bebem café, que todos tenham que beber. Não é porque um caboclo chega bradando e dançando, que todos o façam. Dentro da mesma linha de trabalho existe uma infinidade de falanges de trabalho, com arquétipos diferentes que também poderão variar de médium para médium.
Essas incertezas exigem uma confiança maior da nossa parte, uma vez que nada é concreto e precisamos constantemente nos questionar, além de demandar maior flexibilidade da nossa parte, para aceitarmos que nem tudo é igual para todo mundo e que não devemos comparar situações e experiências.
Larissa de Iansã
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