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terça-feira, 29 de junho de 2021

Dos sistemas

 

Dos sistemas

 

O capítulo IV da primeira parte do Livro dos Médiuns nos fala dos sistemas de negação que os incrédulos e os inimigos do espiritismo criaram para “explicar” os fenômenos espíritas que a cada dia eram mais evidentes. Usavam inclusive argumentos que nem os espíritas tinham uma explicação uniforme para explicar tais fenômenos, situação essa, natural, pois toda ciência nova gera diferentes interpretações até que estabilize em algumas explicações mais uniformes.

São apresentados também sistemas que mistificam os fenômenos ainda que para enaltecê-los, como os que acreditam que se manifestam somente seres de luz, e são apresentados sistemas mais racionais e que condizem mais com as observações e estudos realizados a longo tempo. Ainda hoje é muito comum que incrédulos tentem explicar o que desconhecem, sendo a umbanda alvo de diversos preconceitos em função disso, vale a pena conferir cada um dos sistemas apresentados pois tanto o espiritismo, desde suas primeiras manifestações, como a umbanda nos dias de hoje são alvos de diversas delas, tais como, atribuir as manifestações a forças malignas, a um auto hipnotismo dos médiuns, ao charlatanismo etc.

Os fenômenos espiritas podem sem divididos em efeitos físicos e efeitos inteligentes. Os que não acreditam em espíritos não acreditam também nos efeitos inteligentes, uma vez que não reconhecem nada além da matéria e explicam os efeitos físicos com os quatro sistemas a seguir:


Sistema do charlatanismo: Nesse sistema os incrédulos explicam os fenômenos alegando que todos são fruto de enganação. Pois alguns dos efeitos podem e já foram imitados, sendo todos os espíritas ingênuos e todos os médiuns, para eles, enganadores. Para esse argumento o livro dos médiuns diz que os enganadores simulam várias coisas reais para tirar vantagem, nem por isso as coisas reais que eles imitam deixam de existir de verdade. Da mesma forma, não é porque alguns usam mal dos conhecimentos espirituais que nada dele é verdadeiro. Além disso, o livro comenta ainda que existem muitas pessoas de reputação inquestionável que afastam tal hipótese.

Sistema da loucura: Outros acreditam que os que não são charlatões são loucos, tendo a prepotência de se achar tão lúcidos a ponto de poder definir quem é louco ou não. É verdade que algumas pessoas, tanto do espiritismo como de qualquer outra religião ou crença possam ficar loucas, mas isso nada prova contra a religião.

Sistema de alucinação: Alguns dizem que na verdade não há o fenômeno, mas sim uma ilusão de ótica. Quando dizem que viram uma mesa se erguer e se mover no ar, para eles, na verdade, nada disso ocorreu. Tendo a pessoa sido enganada pelos próprios olhos. No entanto, muitos já passaram por debaixo de tais mesas e puderam conferir que a mesa estava realmente “flutuando” e muitos em conjunto viram as mesas se movendo rapidamente, será que haveria uma ilusão de ótica de todos eles?

Sistema do músculo estalante: Para o fenômeno de batidas em uma mesa, um cientista alegou que se tratava não de batidas na mesa, mas sim “contrações voluntárias, ou involuntárias, do tendão do músculo curto-perônio”. Ou seja, seria mais uma ilusão causada pelo próprio corpo de quem vê o fenômeno. Para esse argumento o livro comenta que nem todos que assistem ao fenômeno tem a faculdade de causar estalos com o referido tendão e que não é possível um barulho no interior do observador se manifestar em outro objeto distante desse. Além disso, mesmo que o fenômeno em questão fosse explicado por isso, ainda haveria muitos outros que não poderiam ser explicados da mesma forma.

Sistemas das causas físicas: Essa teoria dizia que os movimentos de objetos poderiam ser explicados pelo magnetismo, à eletricidade ou à ação de um fluido qualquer. Caso os fenômenos fossem apenas físicos essa teoria poderia ter durado mais tempo, no entanto as batidas e os fenômenos muitas vezes se mostravam inteligentes, não podendo ser explicado puramente através de causas apenas físicas.

Sistema do reflexo: Surgiu também a hipótese que o que o fenômeno expressava era o reflexo do pensamento do próprio médium ou dos assistentes, mas isso com o tempo foi descartado, uma vez que não era raro o fenômeno responder com pensamentos diversos dos que acreditavam o médium e os assistentes. Além disso como explicar uma pessoa que não sabe escrever se comunicar escrevendo por simples reflexos, ou respondendo em línguas que desconhece etc.


Sistema da alma coletiva: Nesse sistema, acreditasse que nos fenômenos apenas a alma do médium se manifesta, no entanto estaria em contato com a alma de muitos outros vivos presentes e ausentes, formando um todo coletivo. Na obra em que está escrito esse sistema diz que: “Nada há de oculto que não deva ser conhecido!”. Essa teoria não tem nenhuma comprovação e claramente se vê que não é tudo que pode ser conhecido pelo homem.

Sistema sonambúlico: Já nesse sistema acreditasse que o conhecimento transmitido nos fenômenos também vem do médium, no entanto ele estaria em um estado alterado de consciência, como em um estado de inspiração, uma sobre-excitação momentânea das faculdades mentais. Ainda que o Livro dos Médiuns admita essa possibilidade, há casos que não podem ser explicados por essa teoria, como os médiuns que escrevem distraídos, como uma máquina, sem a mínima consciência do que estão escrevendo, e os que escrevem sem saber escrever, por exemplo.

Sistema pessimista, diabólico ou demoníaco: acredita-se nas comunicações inteligentes, porém que somente os maus espíritos ou o diabo possam se comunicar. Essa teoria já teve muitos adeptos e ainda hoje tem uma pequena influência. O Livro dos Médiuns nos mostra que ela não faz sentido, uma vez que se Deus tudo pode, porque deixaria que apenas as más influências se comunicassem, seria mais sensato pensar que todos, tanto os bons quanto os maus têm essa faculdade. Outro aspecto que contradiz essa teoria é o de, em muitas comunicações, os espíritos pregarem apenas o bem e ensinarem formas de minimizar ou enfraquecer as influências negativas, se apenas os maus se comunicassem seria muito inconveniente para eles fornecer “armas” contra si mesmos.

Sistema otimista: Por outro lado, nesse sistema acredita-se que todas as comunicações provêm dos bons espíritos, uma vez que retirando a matéria, o espírito estaria com uma sabedoria suprema, nada para ele sendo oculto. Os que creem nessa teoria sofrem frustrações constantes ao verem manifestações de espíritos, não muito mais evoluídos que homens ruins, se manifestando, podendo-se constatar isso através do conteúdo de suas mensagens.

Sistema unispírita ou monoespírita: O referido sistema é uma variante do sistema otimista, os que acreditam nele creem que somente um espírito é responsável por todas as comunicações e fenômenos, sendo esse espírito o próprio Cristo. Creem que quando há comunicações desrespeitosas e ríspidas, tal espírito estaria testando os ouvintes. O Livro dos Médiuns trata como absurdo esse sistema e até mesmo uma blasfêmia com Cristo, uma vez que um espírito de tal grau de elevação seria incapaz de se sujeitar a comunicações de tão baixa vibração. Ainda argumenta que várias das comunicações são de parentes que já desencarnaram e que seria de uma atitude incompatível e sem proposito o próprio cristo se prestar a iludir os parentes de uma pessoa se passando por essa.

Sistema multispírita ou polispírita:  Esse sistema é fruto de uma longa observação e análise e é o que acreditam na maioria dos espiritualistas, é composto pelos seguintes fundamentos:

·         Os fenômenos espíritas são produzidos por inteligências extracorpóreas, às quais também se dá o nome de espíritos;

·         Os espíritos constituem o mundo invisível; estão em toda parte; povoam infinitamente os espaços; temos muitos, de contínuo, em torno de nós, com os quais nos encontramos em contato;

·         Os espíritos reagem incessantemente sobre o mundo físico e sobre o mundo moral e são uma das potências da natureza;

·         Os espíritos não são seres à parte dentro da criação, mas as almas dos que hão vivido na Terra ou em outros mundos, e que despiram o invólucro corpóreo; donde se segue que as almas dos homens são espíritos encarnados e que nós, morrendo, nos tornamos espíritos;

·         Há espíritos de todos os graus de bondade e de malícia, de saber e de ignorância;

·         Todos estão submetidos à lei do progresso e podem todos chegar à perfeição, mas, como têm livre-arbítrio, lá chegam em tempo mais ou menos longo, conforme seus esforços e vontade;

·         São felizes ou infelizes, de acordo com o bem ou o mal que praticaram durante a vida e com o grau de adiantamento que alcançaram. A felicidade perfeita e sem mescla é partilha unicamente dos espíritos que atingiram o grau supremo da perfeição;

·         Todos os espíritos, em dadas circunstâncias, podem manifestar-se aos homens; indefinido é o número dos que podem comunicar-se;

·         Os espíritos se comunicam por médiuns, que lhes servem de instrumentos e intérpretes

·         Reconhecem-se a superioridade ou a inferioridade dos espíritos pela linguagem que usam; os bons só aconselham o bem e só dizem coisas proveitosas; tudo neles lhes atesta a elevação; os maus enganam e todas as suas palavras trazem o cunho da imperfeição e da ignorância.



Sistema da alma material: Por último esse sistema somente diz sobre uma opinião particular sobre a natureza da alma. Para ele, alma e perispírito não seriam distintos. O perispírito seria a própria alma que estaria a se depurar gradualmente. A doutrina espírita considera o perispírito simplesmente como o envoltório fluídico da alma. Sendo matéria o perispírito, se bem que muito etérea, a alma seria de uma natureza material mais ou menos essencial, de acordo com o grau da sua purificação. O sistema em questão não contradiz qualquer dos princípios fundamentais da doutrina espírita, uma vez que não altera questões como o destino da alma; as condições de sua felicidade futura.

Tendo findado o estudo de todos esses sistemas de forma simplificada, fica claro que somente a experiência real e contínua com a espiritualidade pode nos levar mais perto do entendimento dos mistérios relacionados aos fenômenos espirituais. Fica claro também que muitas das explicações dadas para explicar tais fenômenos são extremamente sem fundamento, criada por pessoas que muitas vezes nem mesmo viram esses fenômenos e, se viram, viram de forma parcial (apenas comunicações de baixa ou alta vibração). Tudo isso gera um enorme preconceito com as religiões espiritualistas como o espiritismo, a umbanda, o candomblé e outras mais.

Axé

Ricardo de Ogum Matinata

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