Pesquisar

terça-feira, 5 de outubro de 2021

Charlatanismo e a trapaça


 Charlatanismo e a trapaça

 

Continuando o estudo sobre o Livro dos Médiuns, hoje vamos falar sobre “Charlatanismo e a trapaça”, assunto abordado no capítulo XXVIII da parte segunda.

Tudo pode se tornar objeto de exploração, não é nada surpreendente que também quisessem explorar os espíritos. Já compreendemos que existem condições necessárias para que uma pessoa sirva de interprete dos bons espíritos, e sabemos das inúmeras circunstâncias que podem afasta-los. Todas as condições morais são capazes de exercer influências sobre as comunicações espíritas.

Sabe-se que o espírito tem aversão a tudo que cheira cobiça e egoísmo, e que não fazem caso com as coisas materiais. Quem admite receber algum retorno financeiro com a presença deles, sabe muito pouco sobre a natureza dos espíritos para acreditar que isso é possível. Mas como existem espíritos levianos, que são menos escrupulosos e, só procuram ocasiões para se divertirem a nossas custas, quando identificam um falso médium, percebem uma porta de entrada.

Médiuns interesseiros não são apenas os que exigem retribuições fixas, o interesse nem sempre se traduz pela esperança de um ganho material, mas também pelas ambições de toda sorte, sobre as quais se fundem esperanças pessoais. É esse um dos defeitos do qual os espíritos zombeteiros sabem muito bem tirar proveito.



            O médium de efeitos físicos, assim como os de comunicações inteligentes, não receberam a seu gosto a mediunidade que possuem. A possuem sob a condição de fazer dela bom uso e se, portanto, dela abusam, pode ser que lhe seja retirado ou que aconteça algo contrário a seu interesse, porque afinal, os espíritos inferiores estão subordinados aos espíritos superiores. Sendo a mediunidade de efeito físico, uma manifestação sem regularidade comparada ao médium escrevente, pretender produzir com dia e hora determinada, é prova da mais profunda ignorância.

O que faz o médium então para ganhar dinheiro? Simulam os efeitos. Atitude essa que, naturalmente vão recorrer não só pessoas que fazem disso seu ofício, mas pessoas aparentemente simples, que acham mais fácil ganhar a vida dessa forma do que trabalhando.

A faculdade mediúnica não foi dada ao homem para ostentá-la nos teatros e feiras e, quem quer que pretenda ter as suas ordens os espíritos para exibir em público, será suspeito de charlatanismo. Assim entenda que todas as vezes que apareçam anúncios de pretendidas sessões de espiritismo ou de espiritualismo, lembre-se de todos os direitos que compram ao entrar. Nosso absoluto desinteresse é o que nos resguarda do charlatanismo, e nos priva dos maus espíritos.

Em resumo a mediunidade é uma faculdade concedida para o bem e os bons espíritos se afastam de quem pretenda fazer dela um degrau para chegar ao que quer que seja. O egoísmo é a doença da sociedade e os bons espíritos a combatem, e ninguém, portanto, tem o direito de supor que eles vêm para servir.

A fraude sempre visa a um fim, a um interesse material qualquer, onde se ganhe alguma coisa. Por isso, se tratando de falsos médiuns, a melhor de todas as garantias é o desinteresse absoluto. De todos os fenômenos espíritas, os que mais prestam a fraude são os fenômenos físicos, por motivos a que convém considerar. Primeiramente, porque impressionam mais a vista do que a inteligência, são os mais fáceis de imitação. Em segundo lugar porque desperta mais a curiosidade das pessoas. Sendo assim os charlatões tem todo o interesse em simular tais manifestações, seus espectadores, na maioria sem conhecer do que se trata, buscam distrações ao invés de instruções serias.



A imitação de todos os fenômenos espíritas não é igualmente fácil. Por isso dizemos que o necessário é observar atentamente as circunstâncias, e o objetivo e interesse que possam ter em enganar. Essa é a melhor de todas as fiscalizações. Em resumo, repetimos que a melhor garantia está na moralidade notória do médium e na ausência de todas as causas de interesse material, ou de amor próprio.

Para nós umbandistas a prática da mediunidade é tratada com muita seriedade, uma frase passada por nossos mentores espirituais que representa muito o assunto abordado hoje, é a seguinte “umbanda é coisa séria, pra gente séria”. É o mesmo que dizer sobre a espiritualidade e tudo que a envolve. Não devemos fingir ou simular e nem obter nada em troca, pois fazendo isso estamos indo contra a moral e ética que nos é ensinada no terreiro e que devemos carregar sempre, pois a umbanda nada mais é do que a prática dos ensinamentos que aprendemos do terreiro.

Sendo a prática do amor e da caridade, se existe cobrança ou simulação de algo que não existe não é amor e nem caridade. Nós, médiuns, não estamos em um terreiro para enganar ninguém e se Deus nos passou tal faculdade é para nos instruir e assim nos ajudar em nossa caminhada para a evolução.

Railany de Xangô

 

2 comentários:

  1. Ótima ótica pare quem está iniciando como eu na Ubanda. Obrigado.

    ResponderExcluir
  2. Queria poder conversar com alguém sobre isso. Porque eu passei por uma situação de ser atendida por uma pessoa que me pareceu uma charlatã na última gira que eu fui. E eu queria entender mais, porque sinto um chamado da umbanda. Mas preciso saber que posso confiar.

    ResponderExcluir