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segunda-feira, 9 de dezembro de 2024

O inferno para o Umbandista

  O inferno para o Umbandista

O inferno é uma construção judaico-cristã onde cada ser seria punido por toda eternidade pelos males que cometeu durante a vida, que para o catolicismo se resume em apenas uma. Quando refletimos, conseguimos observar que seria uma grande injustiça ficar o resto da eternidade em uma prisão de fogo sendo punido por erros cometidos em apenas uma existência, que seria um período irrelevante quando comparado à eternidade. 

Os espíritas costumam ter uma visão diferente deste lugar, chamando-o de umbral, que seria um local transitório, onde o ser humano ficaria num processo de decantação de seus males para depois receber uma nova oportunidade para evoluir. Porém, grande parte dos espíritas se libertaram da visão tradicional de inferno, mas ainda carregam ideias que cumprem a mesma função que é amedrontar, fazer que o outro faça o que considera certo para não ser punido depois. 

Muitos espíritas dizem que se a pessoa tem mediunidade é uma obrigação ela se desenvolver e “prestar a caridade” ou sua vida não prosperará. Podemos dizer que esse seria um inferno em vida, uma construção espiritualista para impor sua verdade através do medo. Temos que reconhecer que o caminho que é a “salvação” para um, pode não fazer o mínimo sentido para o outro. Existem muitos caminhos para se aprimorar, cabendo a cada um escolher qual, sem culpa ou ameaças de punições.

Dentro da nossa doutrina de Umbanda cremos que existem locais de alta densidade vibratória, onde acontecem esses sofrimentos para possibilitar uma transformação íntima. Pois os seres passam apenas o período necessário nesse local, até que quando esteja preparada possa ser resgatada para trilhar um novo caminho. É comum também chamarmos esse local de umbral na Umbanda. Não cremos que ele seja regido por um demônio ou diabo. Na visão umbandista o que nos aprisiona antes de qualquer outra coisa é a nossa própria mente. 

Sabemos pelo hermetismo que somos atraídos pelas mesmas energias que vibramos, desta forma quando estamos fora da carne, quando não temos o corpo funcionando como uma âncora, somos imediatamente levados aos locais com alta aglomeração de seres com a mesma vibração. Imagine agora a atmosfera energética que se forma com centenas ou milhares de assassinos. Seria uma atmosfera muito densa e permeada pela culpa e a vontade de autopunição. E o inferno/umbral para nós é justamente isso, um ambiente formado através das formações negativas mentais, sendo que o próprio ser pode através de sua mente criar terrores para se purgar. 

Existem sim também espíritos que cobram dívidas pessoais e que tentam escravizar uns aos outros nesses locais, mas a mentalidade negativa do ser, a vibração negativa e suas atitudes são o que impedem o ser de se livrar desse ambiente. Isso pode ser observado durante os resgates espirituais, ou “puxadas”, onde um ser umbralino é levado a casa espiritualista (ou terreiro) para se manifestar em um médium e ser doutrinado. Muitas vezes os seres chegam queixando-se de dores e de estarem sendo feridos ou queimados, no entanto sabemos que naquele ambiente nada mais está acontecendo a ele, no entanto a mente do ser está tão acostumada com os tormentos que ele continua sentindo mesmo o ambiente agora sendo um hospital espiritual, isso nos revela a natureza mental do umbral e suas manifestações. 

Tenho uma visão que quando fazemos algo que consideramos errado, mesmo que ignoramos, lá no fundo existe um remorso por isso. O umbral seria um local onde colocaríamos todos esses remorsos para fora e teríamos um “tratamento” intenso, até que estejamos aptos a nos auto perdoar.


Axé

Ricardo de Ogum Matinata


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