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terça-feira, 21 de setembro de 2021

Identidade dos Espíritos

 

Identidade dos Espíritos

 

O Capítulo XXIV “Identidade dos espíritos”, na sequência da segunda parte do Livro dos Médiuns, de Allan Kardec, estuda as provas possíveis de identidade, modo de se distinguirem os bons dos maus espíritos, a questão sobre a natureza e a identidade dos Espíritos.

O assunto da identidade dos espíritos não é fácil. Pelo contrário, é controvertida, inclusive para os espíritas. Os espíritos muito evoluídos, que se purificam e se elevam na hierarquia, têm suas características distintivas apagadas de acordo com a sua evolução ou no percurso do caminho da perfeição e os nomes que tiveram na Terra passam a ser insignificantes. Com efeito, os espíritos formam grupos/famílias de acordo com suas vibrações e/ou simpatia e podem apresentar-se como personagens pertencentes a tal família. Por exemplo, o nosso anjo guardião pode se apresentar com São Pedro, mas pode ser que não seja o próprio apóstolo Pedro, mas sim um espírito desconhecido que pertence à família espiritual do Apóstolo Pedro. O que interessa é o ensinamento passado pelo espírito.

Na realidade, a necessidade de nomes e identificação do espírito é para nós, encarnados, para que possamos fixarmos as ideias. Como esclarece Kardec “a questão do nome é secundária, podendo-se considerar o nome como simples indício da categoria que ocupa o espírito na escala espírita”, pois os espíritos superiores formam um todo coletivo e o que nos importa são seus ensinamentos e não a pessoa deles. Contudo, fica complicado quando um Espírito inferior se apodera do nome, passando-se por um bom espírito. Muita cautela há de se ter e percepção das minúcias deste espírito que não pretende boas coisas.

Para a comprovação da identidade de espíritos contemporâneos se torna mais fácil, pois os sinais são mais seguros e conhecidos. O próprio Espírito pode atender ao pedido de identificação e dar provas de sua identidade, mas o faz de acordo com sua conveniência. Então, é inteligente que observemos sua linguagem, citação de fatos, particularidades de suas vidas que poderão, inclusive, ser comprovadas depois. As provas da exatidão da identidade aparecem com o decorrer das manifestações e é de bom tom esperá-las, observando com cuidado e atenção as comunicações do espírito.

Kardec cita um meio para pedir que o espírito se identifique: fazê-lo afirmar “em nome de Deus todo poderoso” quem é. Contudo, existem espíritos que, de certo, poderão afirmar hipocritamente e sem escrúpulos em nome de Deus ser o espírito que não é. Todo cuidado é pouco em tais circunstâncias. Conhecer a identidade do espírito, como já dito acima, é uma questão secundária, mas conhecer ou distinguir o bom do mal espírito é de grande importância, pois ele vai nos trazer conhecimento. 



Então, cabe aos médiuns observar atentamente as linguagens e comunicação utilizada, além das mensagens trazidas, tal como ensina Kardec “a linguagem dos Espíritos está sempre em relação com o grau de elevação a que já tenham chegado”. A bondade, afabilidade, o querer o bem e dizer coisas boas são características de bons espíritos, sempre prezando pelo bem estar dos encarnados, lamentam as fraquezas e criticam com moderação para a evolução e aprendizado do ser humano assistido.

Com relação à crítica, os bons espíritos nunca se ofendem com ela porque eles mesmos a aconselham e não temem ser examinados, sinal de humildade. Com relação a esse tema, Kardec cita São Luís de forma bem oportuna:

“Qualquer que seja a confiança legítima que vos inspirem os Espíritos que presidem aos vossos trabalhos, uma recomendação há que nunca será demais repetir e que deveríeis ter presente sempre na vossa lembrança, quando vos entregais aos vossos estudos: é a de pensar e meditar, é a de submeter ao cadinho da razão mais severa todas as comunicações que receberdes; é a de não deixardes de pedir as explicações necessárias a formardes opinião segura, desde que um ponto vos pareça suspeito, duvidoso ou obscuro”.

Seguem os princípios que Kardec enumera para reconhecer a qualidade dos espíritos, sendo que tais instruções foram passadas da experiência e ensinamentos dos espíritos, mas devemos completá-las com as respostas dadas pelos próprios espíritos. São elas:

1. bom-senso para avaliar o espírito;

2. observar as linguagens e ações dos espíritos;

3. os bons espíritos apenas fazem e dizem o bem;

4. os espíritos superiores usam linguagem digna, nobre, direta, elevada de amor, simples e modesta sem demonstrar superioridade;

5. não julgar o espírito pela qualidade da forma material ou correção do estilo;

6. os pensamentos do espírito são sempre os mesmos, em qualquer tempo e lugar, não se contradizendo;

7. os bons espíritos só dizem o que sabem;

8. os bons espíritos fazem com que coisas futuras sejam pressentidas quando convenham, nunca determinam datas; as “adivinhações” são coisas dos espíritos levianos;

9. os espíritos superiores são diretos e simples, sem que o outro se esforce para entender;

10. não ordenam nem se impõem os bons espíritos e se não são escutados apenas se retiram;

11. os bons espíritos são discretos e não se lisonjeiam;

12. não se importam com a forma os bons espíritos;

13. desconfiem-se dos nomes ridículos ou extremamente venerados adotados pelos espíritos;

14. os bons espíritos agem com escrúpulo ao aconselhar;

15. tem muita reserva com relação aos assuntos que traz qualquer comprometimento;

16. os espíritos superiores somente aconselham e prescrevem o bem, o amore e a caridade e somente prescrevem o racional;

17. os espíritos inferiores manifestam indícios materiais e até provocam no médium raiva e agitação excessiva, além de trazer ainda preconceitos e até “manias” que tinham neste mundo, o que se percebe pela linguagem, justamente porque ainda não se desvincularam completamente da matéria;

18. os maus espíritos aproveitam, muitas vezes, para dar conselhos inapropriados e infiéis;

19. o que é verdadeiro é a inalterável pureza de sentimentos morais dos espíritos e não dos elementos ou vestimentas/enfeites utilizados;

20. devemos conhecer o espírito e não apenas interrogá-lo, pois só a virtude pode purificá-lo e aproximá-lo de Deus;

21. para os bons espíritos o gracejo é fino e vivo, mas não trivial;

22. estudando o caráter do espírito é possível reconhecer a natureza e o grau de confiança que devem ter;

23. para julgar qualquer espírito ou homem, em primeiro lugar deve-se julgar a si mesmo sempre com “retidão de juízo”.



Feitas essas considerações, respondendo questões, foi muito bem pontuado no capítulo a questão da necessidade de nós, espíritos encarnados, termos o nome do espírito desencarnado que nos auxilia. Foi dito que Deus autoriza ao bom espírito utilizar o nome de sua família espiritual já que há entre eles a mesma solidariedade e analogia de pensamentos. Nesse aspecto, esses espíritos superiores quanto mais elevados são, mais se confundem com a comunhão de pensamentos e a personalidade é indiferente.

Na Umbanda não é diferente e o cuidado deve ser muito para reconhecer os bons e maus espíritos.

No caso de nossa casa, as incorporações somente são permitidas pelo nosso guia chefe, Caboclo Sete Flechas, no próprio Terreiro e nas giras específicas de desenvolvimento ou atendimento, ou ainda em trabalhos específicos (como defumações solicitadas por entidades espirituais), justamente porque nesses momentos há toda a proteção da espiritualidade para a realização dos trabalhos e incorporações.

Tal como esclarecido, os espíritos, como nós, “tem o seu livre arbítrio para o bem, tanto quanto para o mal; porém, nem a uns nem a outros a justiça de Deus deixará de atingir”.

Sejamos reflexivos, prudentes e não nos deixemos nos enganar, pois “os espíritos só enganam os que se deixam enganar”. Sejamos médiuns humildes, verdadeiros e cautelosos. Orai e vigiai. Sempre com o verdadeiro compromisso da Umbanda: manifestação do espírito para o amor e caridade.

Muito Axé a todos

Girlei de Iemanjá.

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