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segunda-feira, 31 de março de 2025

Logunan

 Logunan

Logunan é o orixá feminino absorvedor do trono da fé, polarizando com Oxalá. Seu culto surgiu com a revelação das sete linhas da Umbanda Sagrada através dos guias de Rubens Saraceni, onde um desses guias disse que existiria um orixá  que se encaixaria nessa função, mas que seria pouco cultuado. No trono da fé Oxalá irradia o desenvolvimento da fé para todos os seres, a todo momento, a força contagiante de Oxalá precisa de uma presença ativa que a absorva e a controle, impedindo que as pessoas desviem para o fanatismo e descontrole emocional, esse é o papel de Logunan, uma força neutra que atua equilibrando nossa relação com a fé. Logunan é considerada como o orixá que rege o tempo e o espaço, inicialmente sendo apresentada como Oyá-Tempo, nome modificado depois devido à confusão com outros orixás (Iansã, conhecida como Oyá; e Tempo ou Iroko, orixá cultuado no candomblé).

Logunan é quem rege o sincronismo do universo, o passado, o presente e o futuro, sendo fundamental para manifestação de tudo na nossa dimensão. Logunan controla esse campo, isolando no infinito cósmico os espíritos que atacam a fé e a religiosidade. Quando buscamos o equilíbrio da fé, pedimos o auxílio de Logunan juntamente com pai Oxalá, porque assim encontraremos harmonia perfeita dessa energia. É graças a Logunan que podemos existir, pois ela deu movimento ao processo de passagem de período, Oyá fez o tempo se mover, o mundo girar e soprou o caminho da continuidade e existência de tudo.

A data de comemoração é 11 de agosto, seu dia da semana são todos os dias, pois todos pertencem ao tempo. Suas cores são azul escuro, preto e branco. A oferenda é feita em campo aberto, assim que o sol nasce, pois é representada também pelo orvalho da manhã, feita com velas, uva verde, coco verde, flores brancas e vinho branco. Sincretizada com Santa Clara.

Os filhos de Logunan são introspectivos, pouco tímidos, simpáticos, discretos, silenciosos, amigos, emotivos (mas guardam suas emoções), lutadores e sinceros. Podem ser retraídos, ciumentos, possessivos e desconfiados. Apreciam coisas religiosas, estudo, um pouco de isolamento, conversas construtivas e companhia de pessoas discretas. São pessoas educadas, observadores, intuitivos, sábios e religiosos (capazes de amenizar dores espirituais profundas).

A saudação a Logunan é “Olha o tempo minha mãe”, seu símbolo é a espiral, seu metal é estanho, o cristal é o quartzo fumê (importante função ligada a proteção), as ervas são eucaliptos, alecrim e anis estrelado, todas utilizadas para livrar do mau agouro e nos proporcionar a cura.

Olha o tempo minha mãe.

Alice de Xangô


quinta-feira, 27 de março de 2025

O som

 O som

Nosso sistema auditivo, consegue identificar os sons por intermédio de suas 3 qualidades: o timbre, que nos conta a característica de cada som; a tonalidade que nos mostra se um som é grave ou agudo; e a sonoridade, que é responsável por nos dar a intensidade do som, permitindo que a gente sinta se o som é forte ou fraco. As ondas sonoras chegam até nosso tímpano, se transformam em estímulos nervosos e são codificadas pelo nosso cérebro, assim, dependendo de sua frequência e de seu ritmo, a música pode influenciar o corpo humano tanto fisiologicamente, quanto emocionalmente.

Dito isso, acredito que cada pessoa, em sua individualidade, já teve uma experiência de sentir seu corpo mexer e vibrar ao som de algum ritmo musical, com o canto dos pássaros, com o som da chuva ou dos ventos. Se prestarmos atenção na energia sonora, percebemos que cada onda emitida que invade nosso organismo, consegue potencializar e até mesmo alterar nossos estados emocionais, abrindo ou fechando espaços para diversos sentimentos.

Particularmente, quero trazer uma experiência que tive do meu corpo vibrar com a energia do som: a primeira vez que fui ao terreiro, ainda como consulente, o que mais me encantou foi a música. Quando escutei o toque dos atabaques, o agogô, as palmas batendo e os pontos sendo cantados, fechei meus olhos e pude sentir meu corpo vibrando junto com toda a energia que estava sendo propagada naquele momento, e foi exatamente essa sensação, do meu corpo pertencer, pelo menos um pouco, parte daquela frequência sonora e energética que estava ali que me fez voltar na sexta-feira seguinte. E até hoje, cada som, melodia e música propagados no terreiro, é uma fonte inesgotável de energia para sustentação de cada trabalho feito antes, durante e depois de cada gira.

A música que preenche o terreiro é um dos pilares de sustentação dos trabalhos, é por cada onda sonora que toda energia é propagada para cada pessoa ali presente. Assim, quando precisamos firmar a cabeça, podemos nos concentrar no som dos atabaques, quando queremos dar forças para um trabalho de um determinado guia, podemos cantar seu ponto, médiuns de incorporação se ancoram nos pontos tocados para que o processo seja mais fluido. Contudo, essa energia que circula no terreiro e auxilia a todos o tempo todo é muito importante, sendo o som, as melodias e a música grande partes desse processo.

Gosto muito de uma frase que diz “um samba cantado com o coração, sempre é uma oração”, e, estendendo isso para a Umbanda, por mais que os pontos cantados são a forma de oração do umbandista, nada vale se não forem cantados com o coração e fé.

Faço um convite para que você possa permitir-se sentir a frequência da energia de cada som e que, a partir disso, você sinta-se parte do todo.

Isabela de Iansã


terça-feira, 25 de março de 2025

Pontos Riscados

Pontos Riscados

Durante as giras do nosso terreiro vemos com certa frequência, nosso dirigente espiritual o Caboclo Sete Flechas, pedir aos médiuns, principalmente os que estão em desenvolvimento recente, para que deixem a pemba preparada para que a entidade risque seu ponto. Afinal o que são estes pontos riscados? Para que servem?

Os pontos riscados, desenhos dentro de círculos com simbologia diversificada e particular de cada guia ou Orixá. São usados em trabalhos específicos, com forma de identificação dos guias e principalmente como assentamento de energia de um guia dentro de um terreiro.

Usualmente utiliza-se a pemba para que estes pontos sejam riscados, normalmente a pemba branca, mas em alguns casos podem ser utilizadas pembas de outras cores. Quando um guia risca um ponto, está assentado ali a energia da forma que este guia necessita para seu trabalho, trazendo neste ponto elementos e símbolos que podem contribuir na forma e na força que este guia trabalha. 

É importante ressaltar que cada guia tem seu ponto riscado com suas particularidades e que deve ser desenvolvido juntamente da conexão entre médium e guia formando este portal energético. Cada guia trabalha seu ponto riscado de uma forma, alguns firmando a energia para o trabalho, outros abrigando consulentes dentro do ponto para maior interação energética entre o consulente e o guia e até utilizando elementos como ervas, velas, patuás e marafos para potencializar o ponto riscado. A forma como estes pontos riscados devem ser feitos, interpretados e utilizados variam muito entre guias  e casas de Umbanda.

Um exemplo de utilização dos pontos riscados para trabalhos diversificados é na curimba, onde cada atabaque contém embaixo do local onde utilizado o ponto riscado do Orixá o qual este atabaque é consagrado na sua força e no final da curimba temos o ponto riscado de exu, que tem como função a limpeza da energia da curimba durante a gira.

É sempre importante entender a necessidade do ponto riscados durante os trabalhos principalmente quando falamos de desenvolvimento de novos médiuns, deve-se buscar sempre o entendimento e o porque aquele ponto é feito daquela forma com aquela simbologia que o compõe, na Umbanda nada se faz sem fundamento e devemos buscar sempre  o respeito quanto a tempo e particularidade de cada médium e de cada guia , para que o trabalho seja sempre feito para fins de ajuda e caridade ,buscando a prática da umbanda em sua forma mais transparente e objetiva.

Axé

Thiago Costa de Oxossi


segunda-feira, 24 de março de 2025

Aroeira

 Aroeira

Hoje falaremos de uma árvore de grande importância para a espiritualidade e que possui vasto conhecimento ancestral quando se trata dela, a Aroeira.

A Aroeira (Myracrodruon urundeuva), tem ocorrência nas regiões norte, nordeste, sudeste e centro oeste do brasil, por ser uma planta de madeira muito utilizada foi muito explorada pelos povos mais antigos, hoje sua exploração em nossa região é proibida.




Esta planta tem poderes medicinais muito amplos sendo eles, adstringente, tônico, cicatrizante, antifúngico, diurético, antiinflamatório, antibacteriano. Sendo indicada para, febre, tosse, azia, gastrite, diarreia, bronquite, reumatismo, íngua. Na parte medicinal utiliza-se normalmente a casca podendo em alguma das vezes ser utilizada as folhas.

Quando fala-se da aroeira na parte espiritual, que é classificada como uma erva quente ou agressiva, que trabalha na força do orixa Ogum, sendo utilizada principalmente para limpezas e descarregos de energias negativas de pessoas ou ambientes, que pode ser atráves de banho ou defumação. Ajuda a eliminar larvas astrais e recomposição de fluidos energéticos e até mesmo para prevenir e afastar energias de baixa vibração.

Deve-se atentar que para o uso tanto medicinais quanto espiritual devemos utilizar a aroeira vermelha, pois a aroeira branca ou aroeirinha , tem características tóxicas , podendo causar efeitos colaterais graves como edemas na pele.

Thiago Soares de Oxóssi 





quinta-feira, 20 de março de 2025

Medicina Popular | Garrafada

 Medicina Popular | Garrafada

Plantas medicinais e bebidas alcoólicas. Essa é uma combinação que resulta nas garrafadas, mistura muito utilizada na medicina popular para diversas finalidades.

As garrafadas são produtos complexos que trazem nas suas receitas saberes ancentrais. Com soluções extrativas compostas de uma variedade de espécies de plantas medicinais, combinadas com elementos religiosos, de crenças afroameríndias, que curam mazelas físicas, espirituais e psicológicas; melhoram o humor, o apetite sexual, ajudam a engravidar, a facilitar os caminhos e o que mais precisar, são utilizadas com finalidades terapêuticas diversas, geralmente administradas por via oral, podendo também ser por via tópica ou inalatória.




Considerada encantada (milagrosa), a receita fitoterápica é tradicional no norte e nordeste do Brasil. Sua feitura passa por alguns processos, como a maceração das ervas, infusão ou decocção, as cascas com um solvente, e a fermentação, pra aí sim, o líquido ser bebido. As orientações de ingredientes, quantidades e modo de consumo, são feitas de formas variadas, seja pelos mais velhos encarnados, ou pelas mais velhos entidades. Na nossa casa de axé, os Mestres Juremeiros trabalham muito com garrafadas, e têm se tornado mais comum a partilha e as receitas sobre elas. 




Uma curiosidade é que, em 1995, o Ministério da Saúde regulamentou o registro de produtos fitoterápicos como medicamentos que podem ser comercializados, de acordo com a Portaria MS/SNVS no 6 e RDC 26/2014).[2], o que fez as garrafadas serem reconhecidas como medicamentos e serem controladas e vendidas como tal.

Saravá a força ancestral. Salva força das folhas. 


Laura Cardoso de LogunEdé




terça-feira, 18 de março de 2025

Alecrim do Campo

 Alecrim do Campo

Quem nunca ouviu a música:

"Alecrim, alecrim dourado 

Que nasceu no campo 

Sem ser semeado…

Oh meu amor

Quem me disse assim

Que a flor do campo é o alecrim!"

E é essa espécie de arbusto, confundido com o alecrim comumente utilizado na culinária, que trazemos hoje como material de estudo, o alecrim do campo.

Nativo da América do Sul, ele é encontrado no cerrado e na mata atlântica. Ele cresce rapidamente pelas pastagens, se espalhando e sendo considerado espécie invasora, podendo chegar a 3 metros de altura, mas é muito utilizado na recuperação do solo, sequestrando metais pesados, como o arsênio. Apresenta também, um grande potencial econômico através do própolis verde produzido pelas abelhas a partir desse alecrim.





Com propriedades medicinais, é indicado chás e macerados com as folhas pra desconfortos gastrointestinais, dores inflamatórias, inflamações na gengiva e aftas (em forma de bochecho, por sua atividade antibacteriana e antisséptica), analgésicos no geral, auxílio na redução de glicemia e combinado com outras ervas pra diminuir sintomas gripais (fazendo emplastro com as folhas, flores e um óleo condutor) e cicatrizante. Para além desses, composto com outras ervas em garrafadas, que amenizam desânimo, sonolência, falta de foco, são incluídos o alecrim silvestre.




Para todas as formas de uso das ervas citadas aqui, têm-se uma receita diferente e mais coisa para ser acrescentada. Lembremos sempre de respeitar os saberes dos mais velhos e manter com carinho e muito cuidado, isso é praticar e cultuar a ancestralidade, isso também é cultuar as entidades.

Saravá a força ancestral.

Laura de LogunEdé 






segunda-feira, 17 de março de 2025

Catolicismo Popular | Recorte Social e Sincretismo na Umbanda

 Catolicismo Popular | Recorte Social e Sincretismo na Umbanda

Interesse das classes dominantes, à fonte de esperança e resistência das classes populares. É nessa ambiguidade que trazemos o catolicismo popular e seus recortes sociais, quanto grande influência dentro da nossa religião, a Umbanda. 

No vasto universo que repousa tradições familiares, mistérios, histórias que buscam desvendar o sentido da morte e conectar ao objetivo da vida, encontramos a mistura racial de três principais culturas. Os indígenas, povo originário, com ricos costumes, trazendo conhecimentos de plantas medicinais, os perigos e segredos da terra e do oculto. Os africanos, com um variado lastro cultural, que se expressava especialmente através de suas danças e batuques ritmados, além da culinária, que nem o sofrimento da escravização, os faziam esquecer, e os brancos europeus, colonizadores.





Essa fusão entre povos, se dava independente da ideia de superioridade dos portugueses. Era de forma espontânea, abrangendo vários âmbitos como moradia, alimentação, crenças religiosas e o cotidiano como um todo. Nesse contexto, acontecia simultaneamente a catequização dos citados.

No início da colonização, os europeus que vieram pra cá, não eram diretamente ligados a figuras eclesiásticas, tinham bruxas, feiticeiros, cabalistas e também praticantes do catolicismo popular, o que mudou com o passar do tempo. Iniciada com os indígenas, onde grupos de freis e padres vinham ensinar suas doutrinas formais e que, diante da resistência destes, acabaram tendo suas tribos e povos dizimados, seguiu-se a catequização também com o povo africano que, trazido escravizado, manteve o culto às suas divindades de forma oculta ou, percebendo a forma violenta que os diferentes ritos eram tratados, adaptou-os aos santos da igreja católica, como forma de resistência, poupando suas vidas, ocorrendo assim, a chamada sincretização.




A ideia de supremacia branca, que não aceitava outro tipo de religião, de comportamento, vestimenta e nada que fosse contrário aos hábitos europeus da época, foi se escalando num ponto em que esses povos começaram a perder sua identidade. O povo preto começou a ser usado como agente de ligação entre indígenas e a Igreja, que os enxertava com a cultura dos brancos. E assim, mesmo não concordando, esses povos começaram a encarar esse tratamento como único meio de ascender a escala social da época, compactuando com tais atos, para a sua sobrevivência, mas não deixando suas tradições pra trás. 

Sua fé foi se moldando com o que havia de disponível e nos lugares onde lhes eram permitidos ocupar. A maioria vivendo em regiões rurais, analfabetos e longe de matrizes religiosas (lugar frequentado por pessoas abonadas), foram aprendendo orações através da oralidade; ouvindo os senhores, aliando aos conhecimentos ancestrais, saberes antigos que somado aos elementos da natureza, devoção aos santos católicos, passaram a ser inseridos nesses rituais. Sobrevivendo à margem da sociedade, foi assim que estruturaram suas crenças, e essa prática é conhecida como catolicismo popular.




Numa vivência familiar com os oratórios, capelas e santuários, nas partes mais bucólicas por aí, a devoção, as novenas, romarias e padroeiros, davam sentido à vida. É a devoção, a fé pura, sem nenhuma intervenção da institucionalidade. Simples. É uma âncora que exerce uma função vital pro povo que vive no trabalho pesado, na labuta diária pela sobrevivência. Essas manifestações religiosas estão inseridas em um rico mundo de saberes e práticas que são vividas e cultuadas, até hoje, pelas classes populares. 

Dentro de um terreiro, vemos semelhanças entre o contexto acima para com entidades; com os pretos velhos, por exemplo, espíritos de negros escravizados que trabalham em terra, em sua maioria, com rosários, rezas católicas, fumos e ervas; e também os próprios visitantes, que buscam curar suas mazelas e aprender com os mais antigos e que, principalmente no início das casas de axé, eram em maior número, de pessoas pretas e marginalizadas. Hoje, vivendo a Umbanda, percebemos a grande influência do catolicismo popular na nossa religião, que não oprime nem recrimina o povo, mas acolhe com sua linguagem metafórica e sacramental, dito ser “com muita reza e pouca missa; muito santo e pouco padre.”.





Essa contextualização e os recortes apresentados são importantes pontos a serem relembrados de tempos em tempos. A Umbanda é uma religião preta, estruturada em cima de muita violência, resistência e opressão, que foi ressignificada com o auxílio da espiritualidade e, mesmo que em vários momentos tenha seu percurso desviado, acomodado, há de se voltar pro caminho. A historicidade é de suma importância pra construção da nossa fé, da nossa prática e doutrina, principalmente no nosso culto. O conhecimento e respeito para com os ancestrais da nossa terra e suas vivências, são necessários para que fortaleçam os laços e consigamos perpetuar seus ensinamentos, melhorando quanto encarnados e espíritos.

Saravá os mais velhos. Saravá a nossa ancestralidade. 

Laura de LogunEdé












quinta-feira, 13 de março de 2025

Pau-Ferro | Magia das Matas

 Pau-Ferro | Magia das Matas

    Com uma copa larga e arredondada, podendo chegar a medir até 35 metros de altura, a árvore pau-ferro, também conhecida como Jucá, é nosso material de estudo de hoje.



Caesalpinia ferrea, é seu nome científico, é uma árvore abundante nas matas que se estendem desde o estado de São Paulo até o Piauí, tem uma madeira extremamente dura e forte, já nos esclarecendo o motivo de seu nome popular, pau-ferro. Também é conhecida como Jucá e Jucaína, nomenclaturas de origem indígena.

Uma planta poderosa, assim como seu tronco, pau-ferro é uma farmácia viva. Tanto na medicina indígena quanto na popular, encontramos a similaridade de seu uso através de garrafadas, chás, pós e macerados preparados com sua casca. Entre os principais pontos tratados, está bronquite, úlcera, reumatismo, sífilis, males de fígado, estômago e expectorante, onde, regionalmente, cada povo tem seus fundamentos e receitas para produção, comumente aprendida com os mais velhos, no nosso caso, aprendido com os guias. 

Os usos citados acima são comprovados empiricamente, já que há séculos curandeiros e pajés vêm fazendo essa experimentação. Trazendo esse conhecimento para o lado acadêmico, encontramos informações de estudo a partir da década de 1990, sobre os resultados positivos em diversas áreas de atuação do jucá, que cita também seu uso dermatológico, especificamente em um estudo feito pela Universidade do Federal do Amazonas, enfatizando a promoção da redução de melanina, prevenindo o aparecimento de novas manchas, como as de Melasma, e regredindo exponencialmente as já existentes.




Nos aprofundarmos no estudo de plantas, conhecer e reconhecer a importância medicinal de cada coisa viva da nossa terra, é muito importante. Recuperar a memória popular, o conhecimento ancestral que nosso povo tem, enquanto encarnados, que às vezes não prestamos o devido valor, para que absorvamos a essência, e aí sim é que vamos conseguir entender o que são as entidades que trabalhamos e a ancestralidade que cultuamos na Umbanda. 

Salve a força da terra. Salve a força dos ancestrais.

Laura de LogunEdé








terça-feira, 11 de março de 2025

A busca pela evolução e sua individualidade

 A busca pela evolução e sua individualidade

Todos nós buscamos evolução espiritual ao buscarmos conhecimento, mudança de hábitos ou iniciar em uma nova doutrina religiosa. Ocorre que ao passo que avançamos nesta busca encontramos obstáculos e contratempos, que são vividos por cada pessoa à sua maneira , conforme a necessidade e capacidade de compreensão de cada espírito. 

Ilusão é achar que o caminhar será linear ou parecido com o das outras pessoas , não há que se imaginar que as vivências de um espírito serão iguais ao outro, mesmo que seja do mesmo círculo de convívio familiar nesta experiência terrena, ninguém compreende os acontecimentos e nem sente como o outro, seja por fatores culturais, de criação, de vivências de outras vidas.. ninguém tem a mesma caminhada evolucional que o outro, nem interpretará os desafios igualmente, a evolução é individual. 

Esta reflexão é essencial para que não nos comparemos aos irmãos da casa que estão há mais tempo, ou que vivem experiências diferentes das nossas. É indispensável também para que na vivência fora da casa lembremos de focar em nossa própria caminhada, pois olhar a caminhada do outro e julgar com nosso ponto de vista como deveria ser feito ou como nós faríamos se estivéssemos na situação da pessoa faz com que tropeçamos nas pedras do nosso  caminho, pois nos distraímos olhando para o caminho que não nos pertence. 

Que possamos sempre focar em nossa própria caminhada espiritual dentro e fora do terreiro, pois vigiar o caminho do outro é sempre mais fácil que enfrentar nosso próprio caminhar, pois precisamos tirar as “pedras” do nosso caminho ao caminhá-lo, isso pode ser difícil mas é o que nos faz avançar.

“És um soldado e sua mente um campo de batalha, deves ser vencedor”- Autor Desconhecido. Controlar nossa mente, direcionar para nosso interior e focar em nossa própria evolução. Que a cada dia possamos vencer nossas batalhas espirituais individuais em nossa mente e em nosso caminho com auxílio de nossos guias espirituais.

Mylene de Ogum Rompe Mato.


segunda-feira, 10 de março de 2025

Cromoterapia

 Cromoterapia

Escolhi o tema da cromoterapia por ter tido a oportunidade de ter o contato com o tratamento em uma casa espírita em Divinópolis. Na época por falta de conhecimento e maturidade não tive o mesmo entendimento que tenho hoje, agora com os estudos que a Umbanda vem me proporcionando, aprendo muito e compreendo aquela semente que comecei a plantar lá atrás ainda adolescente. 

Vou iniciar o texto falando sobre o que é a Cromoterapia. É um tratamento holístico que consiste no uso das cores para promover equilíbrio energético. Cada cor tem uma vibração e significados específicos que terão efeitos sobre o corpo e a mente. É importante frisar que a cromoterapia é um tratamento complementar, ou seja, não deve substituir os tratamentos prescritos por um profissional. 

A seguir serão citados algumas cores e significados dentro da cromoterapia:

Vermelho: representa energia, vitalidade, paixão e coragem. É utilizado para estimular a circulação sanguínea, aumentar a energia e promover a coragem.

Laranja: está associado à criatividade, alegria e entusiasmo. É utilizado para melhorar o humor, estimular a criatividade e promover a interação social.

Amarelo: simboliza a inteligência, clareza mental e otimismo. É utilizado para estimular o intelecto, melhorar o foco e promover a felicidade.

Verde: representa a cura, o equilíbrio e a harmonia. É utilizado para acalmar e reduzir o estresse, além de favorecer o crescimento e a saúde.

Azul: está associado à tranquilidade, calma e comunicação. É utilizado para acalmar a mente, melhorar a comunicação e aliviar a ansiedade.

Índigo: simboliza a intuição, a espiritualidade e a sabedoria interior. É utilizado para estimular a intuição e a percepção espiritual.

Violeta: representa a transformação, a espiritualidade e a purificação. É utilizado para promover a elevação espiritual, estimular a meditação e a introspecção.

A aplicação da cromoterapia pode ser realizada de várias formas, e a escolha deve ser feita levando em consideração o objetivo do tratamento. Pode ser aplicada através de luzes coloridas, visualização através de meditação, alimentação, vestuário, banhos de cores e pinturas de ambientes. Abaixo vamos citar e detalhar sobre cada tipo de aplicação:  

Luz colorida é aplicada através de luzes coloridas ou lâmpadas de cores específicas para iluminar o ambiente ou partes do corpo. A pessoa pode ficar exposta à luz colorida por um período determinado para obter os efeitos terapêuticos desejados. Visualização de Cores pode ser realizada durante a meditação ou práticas de relaxamento, essa prática visa mentalizar cores correspondentes a chakras com finalidade de harmonizar.

A alimentação tem como objetivo ingerir alimentos coloridos e assim ter o benefício da vibração de suas cores. Vestir roupas e acessórios de cores específicas para influenciar com sutileza a vibração. Banho de cores é realizado com sais, óleos de banho e óleos essenciais coloridos. Pintar ambientes com cores específicas para trazer harmonia e equilíbrio.

Para finalizar, é importante sempre realizar os trabalhos com orientação e segurança.

Bruna de Obá 


quinta-feira, 6 de março de 2025

Medicina Popular | O que é?

 Medicina Popular | O que é?

A necessidade de adaptação dos seres humanos à natureza e a troca de saberes e culturas entre povos, incluindo a utilização de diferentes formas de elementos naturais para variados fins, fez com que surgisse uma ligação do homem para com seu habitat natural. Por um lado, esta era benéfica, já que a terra fornecia suprimentos, por outro, também era perigosa, com predadores e plantas venenosas.

Diante deste contexto de polaridade, surgiu uma crença de um mundo regido por bons e maus espíritos. Tudo que era retirado da natureza, que causava dor, sendo excluído, acabava sendo associado ao mau espírito. O que era preservado, era associado ao bom, e era fortalecido. O mau era a anulação do ser, e o bem, tudo o que fortalecia. E nessa conjuntura, entendemos que as crenças e a medicina sempre tiveram uma ligação.




        A medicina popular é baseada no conhecimento empírico acumulado e no saber tradicional do consciente coletivo, com seus conhecimentos transmitidos por meio oral através de seus oradores, como curandeiros, pajés, rezadeiras, juremeiros e feiticeiros, um exemplo puro e claro que se trata da medicina popular, é a garrafada. Ela é resultado do saber tradicional, dos conhecimentos passados pelos mais velhos, do culto e respeito aos ancestrais. É um produto histórico que é resultado, em sua maior parte, do modo de vida de uma comunidade, e do relacionamento da biodiversidade em que ela está inserida. E este saber, como perpassa gerações de forma oral, vai sendo reconstruído e tomando formas diferentes, possuindo outras aplicabilidades práticas nas sociedades.





No Brasil, a medicina popular é o resultado de uma série de aculturações de técnicas, que tiveram contribuição, principalmente, do pajé ameríndio, do feiticeiro negro e, do bruxo europeu, de tal maneira misturada que atualmente seria difícil distinguir o que é puramente indígena, negro, ou branco.

Que a força da ancestralidade esteja conosco. 

Salve as nossas forças. 

Lívia de Obaluaê